Desenvolver a bondade nos filhos ainda pequenos ajuda a aprimorar habilidades sociais, essenciais na adolescência e na vida adulta.
Desenvolver a bondade nos filhos ainda pequenos ajuda a aprimorar habilidades sociais, essenciais na adolescência e na vida adulta.| Foto: Bigstock

O ser humano é naturalmente egoísta, mas inspirar bondade e gentileza nos filhos é possível. E traz inúmeros benefícios. Desde as atitudes mais simples como dar atenção ao bebê até incentivar atividades mais elaboradas como fazer trabalho voluntário podem estimular comportamentos altruístas. A forma como os pais agem está diretamente ligada ao desenvolvimento da criança, que vai se valer desses exemplos em vários momentos ao longo da vida.

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Os pais sempre esperam que os filhos sejam pessoas boas, mas no dia a dia, com tanta correria, é comum dizer uma coisa e agir de modo bem diferente. E é aí que está o problema, de acordo com a psicóloga clínica Lilian Teixeira. “A criança absorve tudo. Reproduz o que vê e o que ouve”, explica. Mas a solução existe. “Podemos desenvolver o ambiente baseado em valores e princípios. Inclusive a bondade”, completa. Só que pra isso, tem que dar exemplo.

“Se eu aprendo desde pequeno que posso ajudar meus pais em casa, na escola também vou agir assim”, revela Lilian. E é por isso que participar das atividades e obrigações domésticas desde bem pequenas, respeitando as limitações da criança, é algo defendido por diversos especialistas. Desenvolver esse senso de responsabilidade e até a benevolência ajuda a aprimorar habilidades sociais, essenciais na adolescência e ao longo da vida, aponta a psicóloga. Inclusive no trabalho.

Altruísmo

Para Mirian Cassiana do Prado, também psicóloga clínica, ainda bebê, a criança já começa a desenvolver esse senso de preocupação com o outro. “Quando o bebê tem um ambiente favorável e é atendido, acolhido e recebe suporte emocional nos primeiros momentos de vida, cria-se um terreno favorável para se desenvolver de maneira plena”, diz. No início da vida a criança não se reconhece e só começa a se perceber a partir do cuidado do outro, dessa atenção despendida por outra pessoa.

A partir desse vínculo, inicia-se, inclusive, uma preocupação. Normalmente com a mãe, que é quem mais está presente nos momentos iniciais de vida, ao amamentar o filho inúmeras vezes ao dia, por exemplo. “A criança passa a refletir sobre o próprio comportamento e como isso afeta aquela pessoa próxima”, destaca a psicóloga. Essa ligação permanece e evolui ao longo do tempo. “Quando a criança vai ficando mais velha isso vai sendo atualizado. Por isso é sempre importante que os pais possam acolher as emoções dos filhos”, alerta Mirian.

Agente de transformação

Uma pesquisa do início de 2021, feita com 2 mil jovens em idades ente 13 e 24 anos, avaliou o impacto da gentileza no bem-estar mental e como isso interfere na vida deles ao lidarem com crises contínuas. Os resultados demonstraram que a bondade ajuda a melhorar a sensação se segurança, a confiança e faz com que os jovens se sintam menos sozinhos.

Mais de 70% dos entrevistados responderam que o bem-estar está relacionado à própria gentileza, de outras pessoas ou então quando observada no mundo ao redor. Lilian ressalta justamente esse outro benefício de criar filhos mais gentis e inspirar a bondade: o impacto social. “O ser humano é muito egocêntrico e esquece de olhar pro outro. Só que o nosso legado pode ser criar um agente de transformação na sociedade”, aponta ela.

Então as vantagens de os pais fazerem pequenos esforços ao longo da vida da criança e, também na adolescência, são sentidas não apenas por quem recebeu esse estímulo. É um jeito mais leve de encarar a vida, mas também uma forma de melhorar a sociedade como um todo. Criar pessoas gentis e bondosas faz bem pra todo mundo.

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