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Muitos jovens passam bem mais tempo diante de telas do que o recomendado pelos profissionais de saúde. O tempo excessivo no celular ou no computador pode ser responsável por vários males, incluindo obesidade e problemas de saúde mental. Para atenuar esses efeitos negativos, precisamos entender o que incentiva as crianças a passar muito tempo diante de uma tela.

As crianças aprendem e desenvolvem seu comportamento observando os outros, principalmente os pais, e isso inclui o uso da tela. De fato, os tipos de dispositivos que os pais usam e o período de tempo em que eles são usados são os preditores mais fortes do uso e do tempo da tela de seus filhos. Os pais também controlam a disponibilidade de telas e tecnologia e estabelecem as regras de uso.

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Criando filhos distraidamente

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Embora os pais sejam responsáveis ​​por estabelecer os limites para o tempo que seus filhos passam diante de telas, as demandas do mundo moderno – e os deveres do trabalho e da casa – podem tornar mais difícil que os pais consigam limitar o seu próprio tempo de tela. A conectividade constante que o celular permite torna cada vez mais difícil de gerenciar o seu uso e pode resultar em uma parentalidade distraída.

Embora se pense que os pais passam mais tempo com seus filhos do que no passado, a qualidade das interações parece ter diminuído. Em um estudo realizado nos Estados Unidos, pais com filhos entre 5 e 18 anos relataram que o tempo de qualidade que eles têm com os filhos é um pouco mais reduzido do que o tempo gasto em seus telefones.

Sociólogos, teóricos da mídia e especialistas em tecnologia têm apontado que o mundo digital está nos distraindo, resultando em consequências sociais e emocionais negativas. Ainda que saibamos que o tempo de tela dos pais influencia o tempo de tela dos filhos, sabemos menos sobre as consequências de uma parentalidade distraída pelo tempo em frente às telas.

“Só um minutinho” é uma frase muito ouvida pelas crianças e muitos pais admitem passar tempo demais no celular enquanto estão com os filhos. Os efeitos de frases como essas levaram os cientistas sociais a cunhar a palavra “tecnoferência” para descrever como a tecnologia interfere nas relações sociais, incluindo a relação mais importante de todas: a relação entre pais e filhos.

A tecnoferência dos pais pode ter consequências negativas para bebês e crianças pequenas, incluindo o prejuízo do bem-estar emocional, falta de atenção por parte dos pais, interações menos positivas, mau comportamento infantil, atraso no desenvolvimento da linguagem e aumento de lesões nas crianças.

Em busca do tempo de qualidade – livre das telas

Um estudo com mais de 6 mil crianças e adolescentes de 8 a 13 anos constatou que mais de um terço delas se sentia sem importância quando os pais usavam o telefone durante as refeições, conversas e outros momentos em família. Essas crianças podem sentir que estão competindo por atenção, o que muitas vezes pode resultar em mau comportamento porque elas se sentem tristes, irritadas e solitárias.

As crianças se desenvolvem bem quando se sentem seguras e recebem a atenção de seus pais. Deixar as telas de lado durante os momentos em família é fundamental para uma parentalidade feliz, filhos felizes, relacionamentos positivos e laços fortes. As evidências indicam que estar presente – e não distraído – leva os pais a sentirem as recompensas de seu ambiente social imediato. A tecnologia que pretende nos conectar pode, ironicamente, minar a conexão com as pessoas mais importantes em nossas vidas.

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*Pesquisadora na área de atividade física e saúde pública na Loughborough University, na Inglaterra.

©2020 The Conversation. Publicado com permissão. Original em inglês.