Crianças que brincam sozinhas desenvolvem habilidades fundamentais para a vida adulta
| Foto: Bigstock

Tudo bem que encontrar uma criança brincando sozinha pode não ser a cena mais agradável de se ver. Mas, isso não quer dizer que ela não esteja aprendendo e evoluindo. “A criança brincar sozinha não é algo ruim, muito pelo contrário. Ruim é ela só brincar sozinha o tempo todo”, enfatiza Marjorie Rodrigues Wanderley, professora do curso de Psicologia da Estácio Curitiba.

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A psicóloga lembra que conviver com pares é algo extremamente importante para o desenvolvimento social e cognitivo dos pequenos, mas explica que se divertir por conta própria tem suas vantagens. “É uma habilidade a ser desenvolvida no sentido de que a criança precisa criar, ela mesma, condições para se divertir. E isso não é algo fácil de fazer”, afirma.

Marjorie considera, inclusive, que essa seja uma virtude que falta em muitos adultos hoje em dia: aproveitar a própria presença. “É mais uma daquelas coisas que são importantes no processo de evolução do indivíduo e que vão fazer a diferença lá na frente”, comenta. Além disso, o brincar sozinho permite à criança criar as próprias oportunidades, algo extremamente importante para ela no futuro.

Estímulo

Só que não é qualquer tipo de distração que conta para o tempo a sós de qualidade. Segundo a especialista, o ideal é que os pais criem momentos para que os filhos brinquem sozinhos sem contar com o uso de recursos tecnológicos, por exemplo.

“Hoje as crianças estão recebendo as brincadeiras muito prontas, os jogos eletrônicos, as bonecas que já vêm falando, chorando e isso acaba deixando pouco espaço para a imaginação, uma capacidade desenvolvida na infância e que é útil para toda a vida. Então, a criança vai ter que inventar, imaginar, criar algo a partir do que não está pronto”, orienta Marjorie.

Mão na massa

A pedido do Sempre Família, a diretora da Escola Municipal Professor Láudio Afonso Heinen, em Planalto (PR), e brinquedista na ação Brinquedos e Brincadeiras, da Pastoral da Criança, Izete Beyer Feix, elaborou uma lista com sugestões de atividades para que as crianças brinquem sozinhas. Repare que as dicas também levam em conta a faixa etária dos pequenos:

3 anos ou mais

  1. Casinha:

    Materiais: colher de pau, panelas, tampas, potes, caixas de papelão

    Tipo de brincadeira: Esses itens oferecem um grande estímulo para a imaginação e criatividade. A criança gosta de reproduzir o que vê, ou seja, ao ter contato com esses objetos, poderá imitar os adultos cozinhando e preparando sua refeição. A criança também pode criar sua própria brincadeira, fazendo sons. Já as caixas de papelão são ótimas para brincar. A criança pode entrar nela e ter a percepção de dentro e fora, de em cima e embaixo, imaginar um castelo, uma casa, um carro, um ônibus ou mesmo um foguete.

    Importante: Os pais precisam estar atentos quando a criança está na cozinha para não mexer no fogão ou em objetos quentes ou cortantes, mas não a proibir de brincar nesse espaço. Inclusive quando os pais cozinham podem deixar a criança brincando com esses objetos. Assim, ela se sentirá mais calma, além dos estímulos da brincadeira.

    O que desenvolve: estimula a imaginação, criatividade, desenvolvimento sensorial, noções de espaço, tamanhos e formas, entre outros.
  2. Baú de fantasias

    Materiais: Uma caixa com roupas, calçados, chapéus, bolsas, pedaços de pano, algumas fantasias e outras coisas que adultos usam que não ofereçam perigo.

    Tipo de brincadeira: Pedir para a criança se vestir como adultos ou se imaginarem como personagens: príncipes, princesas, fadas, super-heróis.

    O que desenvolve: A capacidade de entender o significado das atividades dos adultos, as relações que eles estabelecem com as pessoas, os valores e costumes da família. Desenvolve a criatividade abre um mundo real de personagens. Nessa brincadeira, os pequenos também conseguem demonstrar seus sentimentos, medos e angústias.

6 anos ou mais

  1. Massinha de modelar caseira

    Material: massinha caseira (preparar junto com a criança, misturando os ingredientes: 4 xícaras de farinha de trigo, 1 xícara e meia de sal, 1 xícara e meia de água, 1 colher de chá de óleo e, se desejar, corante comestível).

    Tipo de brincadeira: preparar uma superfície limpa para que a criança possa modelar a massinha e usar a criatividade. Pode-se oferecer potinhos, tampinhas, palitos de picolé, entre outros objetos que sejam seguros para que ela manipule a massinha e crie suas comidinhas, personagens, animaizinhos e tudo o que sua imaginação permitir.

    O que desenvolve: estimula a criatividade, a imaginação, desenvolvimento sensorial, cognitivo, concentração e atenção. Pode deixar a criança mais calma.
  2. Amarelinha

    Material: Giz, fita colorida, fita crepe, ou algo para riscar no chão de terra ou areia.

    Tipo de brincadeira: Fazer o desenho no chão e numerar. A brincadeira inicia jogando um objeto qualquer na primeira casa e em seguida pulando, ora num pé só, ora nos dois pés (nas casas que ficam lado a lado) até atingir o céu. Não pode pisar na casa onde esta o objeto, que deverá ser apanhado na volta.

    O que desenvolve: O equilíbrio, a atenção, a aprendizagem da sequência numérica.

    *Os números podem ser substituídos por letras.

10 anos ou mais

  1. Oficina de brinquedos com materiais recicláveis

    Materiais: caixas de leite, achocolatado, rolinhos de papel higiênico, CDs, tampinhas de garrafa, fitas, papéis coloridos, cola, tesoura sem ponta, canetinhas, fita adesiva.

    Tipo de brincadeira: criar uma oficina de brinquedos com materiais recicláveis e higienizados, para que a criança crie a partir de suas ideias os seus brinquedos. 

    O que estimula: a criatividade, a imaginação, desenvolvimento cognitivo e coordenação motora.
  2. Histórias em quadrinho ou desenho

    Materiais: canetinhas, lápis, borracha, régua, giz de cera, lápis de cor, folhas de papel sulfite.

    Tipo de brincadeira: propor que a criança crie uma história em quadrinhos ou desenhos soltos de forma livre. 

    O que desenvolve: Nesta idade, a criança gosta de criar seus próprios desenhos e esse tipo de atividade é um ótimo estímulo artístico e de expressão, pois permite que ele expresse suas ideias e fique entretida. Esse tipo de distração também trabalha a coordenação, noção de espaço e é um excelente estímulo cognitivo.
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