As redes sociais potencializam a busca por corpos ideais, roupas da moda e um estilo de vida quase utópico.
As redes sociais potencializam a busca por corpos ideais, roupas da moda e um estilo de vida quase utópico.| Foto: Bigstock

A adolescência pode ser uma fase complicada para muitos jovens. As mudanças de humor, no corpo e até a insegurança provocada por todas essas questões, em vários casos, vêm acompanhadas de uma expectativa que nem sempre pode ser alcançada. Especialmente neste momento em que a internet está em quase todos os lugares e as redes sociais potencializam a busca por corpos ideais, roupas da moda e um estilo de vida quase utópico, é fundamental que os pais acompanhem o desenvolvimento dos filhos para que não busquem uma ilusão.

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A psicóloga Stella Nasser lembra que as redes sociais já fazem parte da vida desses jovens naturalmente. Então, segundo ela, é quase impossível excluí-los completamente dessa vida virtual. “A primeira coisa que os pais precisam entender é a realidade dos filhos”, afirma. A linha entre a efetiva participação na vida deles e a invasão de privacidade, porém, é tênue. Por isso o alerta de Stella é tomar cuidado quando o foco for o que os filhos andam fazendo na internet.

Participar começa na conversa

O diálogo, portanto, é o melhor caminho, ensina a psicóloga. Acompanhar os gostos dos filhos e entender o porquê se interessam por determinados assuntos aproxima o adolescente dos pais. O que precisa ficar claro para os jovens é que cada pessoa vive sua própria realidade e que a comparação com os outros não leva a nada. “Cada um tem um tipo de corpo”, reforça a psicóloga. Só que cada pessoa tem um processo individual para entender e aceitar a imagem que vê no espelho.

Ana Osiecki sabe bem o que é ter adolescentes em casa preocupados com estética. Ela e o marido são da área de educação física, praticam esportes com frequência e estão sempre cuidando da alimentação. Os dois filhos também já foram atletas de natação e hoje o mais velho é fã de academia. Durante quase três anos ela ia para o treino junto com ele para se certificar de que o filho não faria uso de anabolizantes para ganhar massa. “Ele comentou uma vez que tinha vontade então fiquei alerta. Eu ia mais pra observar do que para fazer o meu treino”, conta Ana.

Almoço em família

Esse olhar atento envolve também uma preocupação com a alimentação. A endocrinologista Rosângela Réa, do Hospital Pequeno Príncipe, aconselha que as famílias se habituem a fazer as refeições com todos reunidos sempre que possível. É uma forma de monitorar o comportamento dos filhos e observar a relação que têm com a comida. A orientação da médica ao perceber qualquer alteração na rotina alimentar, é abordar o assunto de maneira sutil e, mais do que isso, reforçar a imagem do filho de maneira positiva.

Ajuda multidisciplinar

Stella também ressalta que não existe uma fórmula mágica para melhorar a própria percepção. Autoimagem e autoestima envolvem aspectos complexos do comportamento, do ambiente em que se vive e independe do outro. A psicóloga reforça que a ajuda profissional pode ser uma alternativa e que são vários profissionais, entre médicos, psicólogos e nutricionistas, que podem acompanhar uma criança ou adolescente que se encontra diante de uma busca incessante pelo corpo ideal.

Ana ainda conta que o filho mais novo faz acompanhamento psicológico desde que perdeu muito peso porque não sentia mais vontade de comer. Hoje a situação já mudou. “É um desafio para o adolescente, mas pra família toda também. Tudo em prol do equilíbrio”, conclui. Stella observa que é preciso saber dosar. Até porque nem toda dieta é ruim, nem toda cirurgia estética é necessária e o oposto também é verdade.

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