Reprodução/ABC| Foto:

Sharon Moore cresceu ouvindo de seu pai a história de como ele teve a sua mochila roubada quando voltava da Guerra da Coreia (1950-1953). Obviamente, a norte-americana nunca alimentou a esperança de recuperar qualquer conteúdo da mochila. Em julho, porém, uma pessoa desconhecida, da França, pediu para adicionar Sharon no Facebook. Ela recusou o convite, mas a pessoa insistiu, enviando uma mensagem em que pedia ajuda para encontrar o dono de uma carteira.

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Na mensagem, vinham anexas diversas fotos em preto-e-branco. Sharon reconheceu sua mãe, ainda jovem, e sua tia, bem como uma carteira de habilitação e um cartão da previdência social. “Vi imediatamente a carteira de habilitação do meu pai e a foto da minha mãe. Eu sabia que era a carteira de papai”, conta Sharon à ABC. Robert McCusker morreu em 1983, um dia antes do aniversário de 20 anos da filha.

“Eu não conseguia acreditar naquilo. Sério, a carteira de papai depois de tantos anos? Era bizarro demais”, diz. O objeto, de couro marrom, foi encontrado no porão de uma construção na cidadezinha de Chatellerault, 300 quilômetros a sudoeste de Paris. Os operários da obra se desfizeram dela, mas o dono do local, Patrick Caubet, a notou em uma pilha de cascalho e ficou surpreso com a meia-dúzia de fotos e alguns documentos oficiais, nos quais encontrou o nome de McCusker.

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Caubet não sabe exatamente como a carteira foi parar ali, mas já tinha ouvido falar que a construção tinha servido como um clube para militares norte-americanos. “As fotografias deram um ar muito emotivo e pessoal à descoberta e realmente me levaram a desejar encontrar a família”, diz ele. “Meu pai e meu avô também estiveram em guerras” – o avô chegou a ser alvejado durante a II Guerra Mundial e o pai sofreu queimaduras na Guerra da Argélia.

Depois de achar o objeto, Caubet conversou com um amigo que sabia inglês e os dois encontraram um obituário que citava o nome da mãe de Sharon, Jean McKenney McCusker, morta em 2014. Eles começaram então a procurar os parentes listados no obituário. Contatos com o Pentágono e com a embaixada dos Estados Unidos em Paris não deram em nada. Foi um escritório militar da capital francesa que conseguiu rastrear os nomes dos filhos de McCusker. Foi quando chegaram ao nome de Sharon, com quem Caubet imediatamente entrou em contato pelo Facebook.

Reação

“Ela ficou tão feliz por saber da existência desse rastro de seu pai. Ela estava praticamente pronta para vir a França com o irmão buscar a carteira, mas eu lhe disse que poderia enviá-la. Fiquei com medo que ela se perdesse no correio, mas chegou em menos de uma semana”, conta Caubet. “Eu adoraria se alguém encontrasse documentos ou outros pertences de meu pai e meu avô e os enviasse para mim”.

Sharon e seu irmão, Steven, chegaram até mesmo a filmar o momento em que abriram o pacote, para enviar o vídeo a Caubet. A carteira ficou com Steven, porque Sharon já possui outros pertences do pai, como o Coração Púrpura, uma condecoração dada a todos os militares norte-americanos feridos ou mortos durante o serviço – McCusker foi ferido em um ataque de granada.

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“É maravilhoso, maravilhoso. Ter em mãos algo que esteve nas mãos dele todo dia – fico sem palavras”, comenta Sharon. Ela e o irmão enviaram a Caubet alguns presentes típicos da América do Norte em sinal de gratidão, como a camisa de um time de futebol americano e uma garrafa de maple syrup extraído do quintal de Sharon.

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