É olhar honestamente para o filho, atentando-se para o que ele precisa naquela fase da vida, e não só para o que os pais almejam.
É olhar honestamente para o filho, atentando-se para o que ele precisa naquela fase da vida, e não só para o que você almeja.| Foto: Kuanish Reymbaev/Unsplash

É uma preocupação para muitos pais: como saber qual a escola ideal para os filhos e o que levar em conta ao fazer essa busca. Mais do que um local para ensinar os conteúdos pedagógicos, a escola faz parte da rotina das crianças e adolescentes, é um local em que eles passam inúmeras horas e um dos principais espaços de convivência e de desenvolvimento de habilidades sociais.

Siga o Sempre Família no Instagram!

A psicopedagoga Marianna Canova, mestre em educação, diretora de escola e mãe, explica que culturalmente os pais costumam levar em conta três coisas: localização, indicação e estrutura física da escola. Ela alerta, porém, que é fundamental, também, investigar o processo pedagógico da instituição. “É para fazer a congruência com o formato de aprendizagem da criança, porque eu já vi muitas situações em que ela tem um potencial muito bom, mas não é aproveitado”, revela.

Metodologias

A forma de ensinar as crianças é o que se chama de metodologia. Tradicional, construtivista, sociointeracionista, Montessoriana são apenas alguns dos exemplos. Marianna esclarece que não há uma mais certa ou apropriada que a outra, mas que a escolha pode dificultar ou facilitar o processo de aprendizagem conforme o perfil da criança. Buscar informações acerca de cada uma delas pode ajudar nessa decisão.

Conhecer verdadeiramente o filho

Patrícia Pedra, também psicopedagoga, concorda que a escolha da metodologia é o primeiro passo e para isso indica que os pais conheçam os filhos e entendam o perfil da criança, mas aconselha que é preciso deixar um pouco de lado as expectativas e a própria visão. “Tem que ter um olhar honesto sobre o filho que tem. Às vezes os pais procuram colégios bilíngues ou integrais pela facilidade de passar coisas para o filho e de repente nem é disso que ele precisa”, esclarece.

Visita com hora marcada X livre acesso

Definidos os métodos que mais se adequam ao perfil da criança, conhecer o espaço físico é muito importante, na opinião de Marianna. “A parede é a pele da escola”, diz. Isso porque é uma forma de mostrar como o aluno é visto dentro da instituição. Paredes mais coloridas, por exemplo, em que são expostos os trabalhos feitos pelos alunos, demonstram que há um movimento de participação maior das crianças.

Agendar a visita é a forma mais adequada de possibilitar que a equipe esteja à disposição dos pais para apresentar o espaço e esclarecer as dúvidas, mas o livre acesso dos pais ao longo do ano letivo também deve ser garantido. “A visita guiada oportuniza um conhecimento maior do processo pedagógico, mas a permissão de livre acesso é significativa porque você vê a realidade, choro bagunça”, reforça.

Equipe pedagógica

A especialista diz, ainda, que saber como é feita a formação dos professores é fundamental porque a partir disso é possível perceber como é o envolvimento da instituição com o processo de aprendizagem. “Se a escola tem semana pedagógica uma vez por ano, desconfie”, alerta. E completa: “Professor precisa pensar, escutar e olhar para a criança com responsabilidade e significado”.

Patrícia concorda. “Tem que ter uma equipe de bons psicopedagogos e psicólogos, que saibam ler um laudo de forma correta e orientar os professores, caso surja alguma necessidade mais específica”, indica. Ela também lembra a importância de conseguir acompanhar os alunos e ajudá-los a lidar com conflitos e frustrações.

Rotina e perfil da família

A distância entre a casa e a escola também pode ser um fator importante quando o deslocamento interferir demais no dia a dia de todos. Só não pode, conforme Mariana ressalta, ser o fator decisivo. Assim como a escolha do turno, se no período da manhã, da tarde ou integral, precisa fazer sentido. “Se for para ficar em casa vendo televisão a manhã inteira, é muito melhor que vá para a escola”, orienta a psicopedagoga.

Muita coisa mudou

Foi depois de muita pesquisa e duas visitas que a professora Renata Duarte escolheu a escola dos filhos de 10 e 8 anos em João Pessoa, depois que a família foi de mudança para a cidade. “Eu já comecei a ver pela internet, fiz entrevistas online com as coordenadoras e fui procurar o material, que livro utiliza, horário de entrada e saída, se as crianças podem brincar”, conta.

A professora revela que se deu conta de que hoje em dia a escola é muito diferente de quando ela era criança e que essa percepção é essencial para os pais. “O papel da escola mudou. Não é só a educação formal. Precisa de uma vivência mais integral, não vendo a criança apenas como estudante”, destaca. Marianna concorda. “Escola não prepara para vida, é a vida. É onde a criança desenvolve habilidades necessárias para a vida real e permite o desenvolvimento de um ser humano completo”, conclui.

Deixe sua opinião