Por mais bem educada e boazinha que seja, toda criança apronta de vez em quando. Faz parte da infância e do aprendizado de cada um.
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E se durante muito tempo o castigo era visto como a única forma de corrigir esse tipo de comportamento, hoje em dia as coisas mudaram bastante. O cantinho do pensamento, por exemplo, surgiu como uma alternativa, a princípio mais positiva, mas os especialistas garantem que pode ser tão prejudicial e ineficaz quanto as palmadas.
A educadora parental Bruna Lorencini explica que isolar a criança em um momento de crise acaba sendo, também, uma forma de castigo. “É uma punição emocional e psicológica porque a criança fica deslocada e sozinha em um canto”, esclarece. Ela ressalta, ainda, que dificilmente essa medida servirá de fato para uma reflexão porque a maioria não tem nem maturidade para isso.
Ressentimento, retaliação e rebeldia
Bruna sugere que os pais tentem lembrar de quando passaram por essa fase na infância para alertar sobre o tipo de pensamentos que podem ser desencadeados. “Será que a gente acreditava mesmo que era uma forma de amor da nossa mãe ao nos deixar de castigo?”, sugestiona a educadora. Ela alega que normalmente a criança fica ressentida, ou pensa em retaliação e pode até se tornar mais rebelde.
Disciplina Positiva
Carolina Paschoal, pedagoga e diretora da Escola Pedro Apóstolo, em Curitiba, destaca que ao serem repreendidos é comum que os filhos fiquem nervosos e chorem. “Se nós, que somos adultos, temos dificuldade de refletir quando estamos bravos, imagine uma criança?”, questiona. Em ambiente escolar ela garante que não há mais espaço para condutas que excluem e isolam os alunos. O que se adota hoje, na maior parte dos colégios, é o que se chama de Disciplina Positiva.
Essa abordagem de comunicação não violenta sugere que a melhor forma de chamar a atenção da criança quando ela faz algo errado é conversar e mostrar exemplos positivos. Um cantinho do aconchego seria, segundo Carolina, muito mais apropriado, portanto. “Não pode ser uma cadeira dura no canto da sala, é um espaço com brinquedos que estimulam a criança”, ensina a pedagoga.
Educar sem autoritarismo
Bruna reforça que não tem como ensinar alguma coisa a alguém fazendo com que se sinta pior. “A gente só age de maneira melhor quando estamos nos sentindo bem e não quando somos punidos”, alerta. A educadora defende que a primeira atitude a se tomar quando a criança se comporta mal é acalmar os ânimos, se afastar e só voltar ao se sentir mais tranquilo. “Agir no calor da emoção nunca é o melhor. A gente vai no impulso e usa do autoritarismo”, constata.
Quando os filhos são pequenos dificilmente querem se afastar dos pais, de acordo com a educadora. “Tem criança que prefere se acalmar sozinha sem adulto por perto”, argumenta, mas só depois de uns 4 anos de idade, mais ou menos, segundo ela. Oferecer escolhas limitadas é outra ferramenta da Disciplina Positiva. “Você quer ir para um espaço que te acalma ou quer que eu vá com você?”, exemplifica Bruna. Ela acredita que só assim, construindo uma relação de afeto e respeito, é que os pais podem estimular verdadeiramente uma reflexão nas crianças e esperar uma melhora de comportamento.