Reprogramar alguns hábitos é passo importante para buscar mais saúde antes, durante e depois da gravidez, para todos.
Reprogramar alguns hábitos é passo importante para buscar mais saúde antes, durante e depois da gravidez, para todos.| Foto: Bigstock

As escolhas feitas pelas mães no período pré-gestacional e durante a gravidez impactam diretamente na vida dos filhos, repercutindo até a fase adulta.

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Para prevenir doenças na gestação e minimizar o risco de doenças metabólicas no bebê, a programação metabólica gestacional pode fazer a diferença. E ela começa antes da concepção.

O que é

A programação metabólica pré-gestacional é, segundo o ginecologista e obstetra José Antonio Leprevost, a preparação do organismo para a gestação e envolve uma avaliação multifatorial do organismo por ginecologistas, obstetras e nutricionistas. A ideia é minimizar os riscos pré-existentes e impedir condições que favoreçam o surgimento de doenças na vida adulta do bebê, especialmente as metabólicas.

“O feto exposto ou à falta, ou ao excesso de nutrientes no útero materno, tem maior risco de desenvolver problemas de saúde na vida adulta, assim como quando a mãe usa ou é exposta a produtos químicos durante determinadas fases da gravidez”, exemplifica Roseli Nomura, obstetra, presidente da Comissão Nacional Especializada em Medicina Fetal da Febrasgo.

Leprevost orienta que identificados os fatores de risco da gestação, como a restrição do crescimento fetal, por problemas na placenta, ou a diabete gestacional, poderão ser realizadas, através da programação metabólica, correções adequadas ao estilo de vida da mulher, visando uma gestação saudável.

Quando começar a programação metabólica?

A nutricionista especializada em Nutrição Clínica na Saúde da Mulher e Materno Infantil, Aline Todesco, criadora do Programa Nutrição do Futuro, explica que durante o intervalo de ouro, período desde a concepção até os dois anos de idade do bebê, toda a formação do sistema imunológico, inclusive celular do corpo, são formadas e programadas.

“Esse período pode mudar o destino da criança, biologicamente, ou seja, no que se refere ao crescimento e desenvolvimento, como também intelectuais e que irão determinar como a criança vai ser futuramente”, diz Aline.

Portanto, se o casal planeja engravidar, o mais indicado é antecipar a programação metabólica em três meses da gestação, com ao menos os cuidados nutricionais, para conseguir melhorar as possíveis deficiências da futura gestante, garantindo certa reserva de nutrientes para transferir ao bebê.

Caso a futura gestante não tenha o costume de seguir hábitos saudáveis, é indicado que a mulher busque melhorar seu estilo de vida de um ano a seis meses antes da gestação.

“Os ovários são muito sensíveis a fatores ambientais e nutricionais, podendo sofrer alterações na sua função e na qualidade do óvulo, que acarretam desde mudanças na expressão de genes até infertilidade”, alerta o ginecologista.

Hábitos de vida saudáveis

Aline explica que evitar o sedentarismo com a prática de atividade física e buscar uma alimentação saudável contribui significativamente para a melhora no perfil hormonal feminino.

“Se a mãe não estiver bem nutrida, impactará negativamente no crescimento e desenvolvimento, inclusive neuro cognitivo, do bebê, visto que, desde a fase intrauterina, ela é responsável pela sua nutrição”, explica a nutricionista.

A melhor forma de corrigir e prevenir deficiências, como orienta Leprevost, é assumindo uma alimentação rica e variada em cores e sabores, sobretudo com a ingestão de vegetais, frutas, gorduras boas, carboidratos complexos e proteínas.

“Durante a gravidez é comum a deficiência de ferro, cálcio e várias vitaminas. Por isso é recomendada uma dieta rica em derivados do leite, frutas e verduras, que garante o aporte desses nutrientes”, explica Roseli.

Portanto, para o adequado desenvolvimento da gestação é essencial a presença de micronutrientes como cálcio, ferro e vitaminas A, C, E, D e do complexo B, indica Leprevost.

“O médico pode recomendar a suplementação, principalmente quando se detecta que a dieta habitual não é capaz de suprir as necessidades na gestação”, orienta  Roseli.

Engravidei sem planejamento. E agora?

Mesmo que não tenha sido realizada a programação metabólica antes da concepção, a mulher consegue melhorar seu perfil nutricional, como também iniciar a prática de atividades físicas, para suprir a demanda do bebê, sempre assessorada com ajuda profissional especializada.

“Através de exames e histórico alimentar, a mulher consegue corrigir possíveis deficiências nutricionais, para que não lhe falte nutrientes e para que o bebê consiga se desenvolver”, conta a nutricionista.

Além das deficiências nutricionais, o sono deve ter qualidade suficiente para que não prejudique a produção de melatonina e desregule a produção de cortisol, insulina e do hormônio do crescimento, destaca o médico. “A gestante deve cuidar muito da ingestão de carboidratos e de gorduras ruins. Além disso, praticar atividade física regular, exceto se tiver contraindicação, dormir cedo, controlar o estresse, tomar sol e suplementar as vitaminas necessárias são práticas essenciais para uma boa gestação”, orienta o médico.

Impactos futuros

Os efeitos da programação metabólica se perpetuam tanto no bebê, quanto na família ao longo do tempo, destaca Leprevost, já que pela mudança de estilo de vida, as escolhas alimentares serão diferentes e, por si só, impactam na saúde de cada um. “Com a mudança de hábitos pela programação metabólica, há benefícios inclusive na recuperação da gestante, após o parto, com mais disposição e melhora dos perfis de glicemia”, explica Aline.

Além dos pais, quanto mais saudável a criança for e se desenvolver, melhor será para o sistema imunológico e de neuro-cognição da criança, facilitando também a introdução alimentar, pois o bebê terá acesso a maiores variedades de frutas e verduras.

Inclusive, as gerações futuras serão beneficiadas com a programação metabólica realizada pelos pais da criança, segundo a nutricionista. “Nós temos um histórico de gerações e carregamos as escolhas das nossas mães, avós e bisavós”, conclui a nutricionista.

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