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A revista norte-americana Relevante responde à pergunta do título com algo que muitos filmes dirigidos aos cristãos não oferecem: uma ambiguidade sofisticada. Ou seja, mensagens religiosas óbvias, com histórias previsíveis e personagens estereotipados são alguns dos elementos que têm feito as produções religiosas serem vistas como sinônimo de tédio. O segredo do sucesso estaria na exploração da dúvida.

“Filmes baseados em temas da fé podem ter audiência entre os cristãos, muitos dos quais já concordam com a mensagem do filme, mas isso não quer dizer que eles impactem a cultura tanto quanto poderiam”, diz Jesse Carey, que assina a reportagem da publicação. “Jesus quis que as pessoas fossem fundo, fizessem questões que chegassem a grandes respostas”.

Analisando a programação da tevê norte-americana, Carey diz que essa ambiguidade, ou seja, as questões entre bem, mal e o que há no meio desses elementos – temas perfeitamente compatíveis com uma narrativa religiosa – tem gerado sucessos de crítica em canais como HBO, FX e Hulu. As suas respectivas séries The Leftovers, The Americans e The Path apresentam tramas profundamente entrelaçadas com questões de fé e todas têm garantido a aprovação da crítica.

Isso mostra que não é a fé que é desvalorizada no entretenimento, mas a visão fechada dos empreendimentos que se rotulam como “cristãos” e não conseguem sair do óbvio. Para séries como aquelas, a palavra-chave é “questões”.

Carey afirma para ter impacto fora do seu próprio ambiente, os filmes cristãos precisam de uma injeção de dúvida. “A vida é reduzida a filmes insossos preenchidos com boas doses de oração”, escreveu o crítico Scott Nehring. Isso pode até evitar a reclamação de quem simplesmente gosta de ver alguém rezando na tevê, mas passa muito longe de atrair a curiosidade de quem não tem afinidades religiosas ou reserva-se ao direito de ser um pouco mais rigoroso em julgamentos de qualidade.

 

Colaborou: Felipe Koller

Com informações de Deseret News.

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