As brigas entre membros da mesma família costumam ter um impacto emocional muito maior, uma vez que há afeto envolvido.| Foto: Bigstock
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“Nós pensamos de formas diferentes, temos uma visão de mundo diferente e muitas vezes não queremos abrir mão daquilo que acreditamos para acolher a opinião do outro”, diz a coordenadora do curso de Psicologia da Faculdade Estácio Curitiba, Jocely Burda, ao revelar a origem para a maioria dos conflitos que surgem dentro de casa: a falta de tolerância.

A psicóloga também considera como fatores condicionantes para esses “desajustes” as falhas no processo de comunicação e, principalmente, a personalidade de cada um. “Em casa eu posso ser mais eu, posso discordar, posso ‘bater o pé’, posso ficar emburrado - coisas que, geralmente, a gente não faz no trabalho ou no convívio com os amigos. E é essa postura que acaba abrindo brecha para as divergências”, declara.

Soma-se a isso, o fato de que as brigas entre membros da mesma família costumam ter um impacto emocional muito maior, uma vez que há afeto envolvido. “Eles [os familiares] sabem como a gente é de verdade e como funcionamos. Sabem, também, o nosso ponto fraco. Por isso que dói tanto quando acontece”, explica Jocely.

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Já a psicóloga Raquel Pusch, do Hospital Marcelino Champagnat, acredita que a convivência intensa — provocada pela pandemia de Covid-19 — tem evidenciado as diferenças. “Com todo mundo em casa, as fronteiras deixaram de existir. O quarto deixou de ser só meu, a cozinha passou a ser de todos e o banheiro virou coletivo. Aí é como se eu estivesse invadindo o território do outro”, avalia.

Pelo que afirma Raquel, diminuir os conflitos em casa passa por conhecer melhor com quem se vive. “A pandemia tem sido uma oportunidade de aproximação e de conhecimento que muitas famílias não tinham. Saber do outro, como funciona, do que gosta, do que não gosta, quais as dificuldades, reduz muito as discussões”, sustenta.

Sem correr

O consenso entre as especialistas também é que os conflitos (quando encarados com maturidade e resolvidos de forma tranquila) nos fazem crescer. “É o tipo de coisa que a gente não deve fugir”, orienta Raquel. “O problema, em si, se dá quando a família não sabe fazer o manejo dessas situações e lidar com as diferenças”, aponta.

Jocely, por sua vez, alerta que ficar prorrogando o sofrimento só desgasta a relação, além de aumentar as chances para o aparecimento de doenças psicossomáticas. “Enfrentar as situações tensas e tentar resolvê-las é uma lição que nos faz evoluir. A ideia é que se tenha uma situação de ‘ganha-ganha’ com a qual, mesmo que eu ‘perca’ alguma coisa, possa aprender algo com aquilo, adquirido conhecimento”, analisa.

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