Administrar corretamente os conflitos e usar diferentes maneiras de mostrar afeto aproximam os membros da família neste período| Foto: Andrea Piacquadio/Pexels
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A necessidade de isolamento como uma das medidas de prevenção à Covid-19 tem dificultado a vida de muitas famílias. Afinal, casais passaram a discordar de coisas que antes nem faziam parte de seu dia a dia, irmãos começaram a brigar com mais frequência e a relação entre pais e filhos pode estar se desgastando, com discussões diárias. No entanto, a doutora em Psicologia Ana Priscilla Christiano afirma que esses problemas têm solução e, se forem administrados corretamente, podem melhorar o ambiente dentro de casa e até fortalecer o vínculo familiar.

“O afeto está relacionado a tudo que nos afeta como seres humanos. Então, é comum que se manifeste em algum momento por brigas ou conflitos, já que algo realizado por outra pessoa pode nos magoar”, explica a especialista. Só que, após essas situações, é necessário que os envolvidos conversem a respeito do fato, digam o que sentem e avaliem o que podem fazer diferente para evitar mágoas da próxima vez.

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Foi isso que a estudante de educação física Lisete Jacomet decidiu fazer durante essa quarentena. “Como eu e meu marido começamos a passar muitos dias juntos e sem sair de casa, um dos dois acabava se exaltando de vez em quando”, conta a gaúcha de 49 anos, que esperava alguns minutos para acalmar-se e, então, conversava com o marido a respeito do ocorrido. “Teve um dia, por exemplo, que ele ficou chateado com nosso filho em uma ligação e depois brigou comigo, como se eu tivesse culpa”, recorda. “Aí falamos sobre aquilo com calma, nos aconselhamos e oramos juntos”.

Além disso, os dois decidiram aproveitar o período de pandemia para colocar em prática gestos carinhosos, tornando os dias estressantes do isolamento bem mais tranquilos. “Escrevemos bilhetinhos e espalhamos pela casa, ele cozinhou um dia para mim, montou meu prato quando eu estava estudando e começamos a separar mais tempo para sentar e conversar”, conta Lisete, que viu como essas atitudes os deixaram mais próximos. “Agora, estamos enfrentando esse momento complicado com bastante companheirismo”.

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Não basta dizer "te amo"

Segundo Ana Priscilla, ações como essas são mais eficazes do que simplesmente dizer “eu te amo”, pois mostram por meio de ações o que um sente pelo outro. "Ou seja, é necessário que pais e filhos estejam atentos às necessidades dos outros membros da família e à maneira com que cada um reage diante das situações”, orienta a professora do curso de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Londrina.

“Quando presto mais atenção à maneira que as pessoas agem, consigo conhecê-las de verdade e melhorar nossa relação”, pontua, ao garantir que o atual período de isolamento traz uma oportunidade única nesse aspecto. “Como todos estão em casa, é possível exercitar a escuta, perceber o que o outro precisa e construir relações autênticas”.

Dessa forma, os pais conseguem descobrir peculiaridades a respeito de seus filhos, irmãos entendem melhor os demais e todos podem compartilhar o que gostam. Inclusive, “que tal se reunirem para brincar com o jogo favorito de um de vocês, assistir àquele programa que a mãe adora ou curtirem juntos a live da banda preferida de seu filho?”, sugere a psicóloga.

De acordo ela, essas atividades demonstrarão interesse pelo outro e unirão ainda mais a família. Só que não são as únicas que devem ser realizadas dentro de casa, pois também é importante dividir todas as atividades domésticas afim de não sobrecarregar ninguém. "E, claro, separarem momentos para compartilhar alegrias, tristezas e anseios, porque sentir que você pode falar e ser escutado ajuda a passar por essa fase de isolamento com menos estresse e ansiedade”, finaliza.

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