Ao longo da vida perdemos a simplicidade e a inocência no olhar e isso podemos aprender com as crianças.
Ao longo da vida perdemos a simplicidade e a inocência no olhar e isso podemos aprender com as crianças.| Foto: Unsplash

Os filhos ensinam muitas coisas aos pais, antes mesmo de nascerem. Ter paciência para esperar os nove meses de gestação, resiliência para enfrentar as mudanças e acreditar que tudo vai dar certo são apenas algumas das lições. E conforme crescem, as crianças podem inspirar e motivar os pais a terem ainda mais fé em Deus e na vida por meio da pureza, inocência e esperança.

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Fabiela Mattos Barreto Nagel, de 35 anos, é formada em nutrição e comércio exterior, e deixou a carreira profissional após o nascimento do segundo filho para se dedicar ao trio Isaac, de 9, Benjamin, de 6, e Matthias, de 2. Casada com o diretor comercial Rubens Nagel Júnior, de 42, a mãe conta que a educação dada aos filhos possui uma sólida base de comportamento e caráter cristãos e ela percebe que as crianças têm um coração muito puro e aberto às coisas de Deus. “Elas ouvem, creem e colocam em prática com facilidade, sem ressalvas e com muita simplicidade. Isso nos ensina muito”, afirma.

O casal acredita que a fé tão pura das crianças move o coração de Deus. Júnior relata que quando o caçula ficou doente, os irmãos mais velhos decidiram orar para que ele fosse curado. Após a oração, ele ficou bem. “Mais recentemente oramos com eles pela prima que tinha um grave problema de ouvido. Ela foi curada milagrosamente e isso causou um grande impacto na vida deles, diz ele.

“A Bíblia fala que precisamos agir como crianças para alcançarmos o reino de Deus. A visão sem filtros que eles têm é linda de ver e certamente nos inspira. Eles se entregam a Deus com tanta intensidade e alegria, que é contagiante”, destaca Júnior. Ao mesmo tempo em que se dedica a desenvolver homens de caráter e honra, que “amem a Deus sobre todas as coisas”, o casal se inspira nos filhos e deseja ter o mesmo coração “leve, alegre e puro para tocar profundamente o coração de Deus”.

A experiência mais marcante aconteceu durante a gestação conturbada de Matthias. Fabiela teve a síndrome Hellp, doença relacionada a hipertensão e que pode surgir antes, durante e depois do parto. O problema causou uma grave hemorragia na mãe e o recém-nascido teve de ficar 30 dias na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal.

“Somos frutos de um grande milagre, nem a medicina explica”, lembra a mãe. “Essa experiência nos fez ver o quanto a vida é frágil e que não temos tempo para perder. Cada dia é uma nova oportunidade. Precisamos ser felizes hoje, saber que cada segundo de vida nos é dado por graça por nosso Deus, e devemos fazer uso deste tempo com sabedoria e alegria”, acrescenta.

Filhos motivam os pais a superar obstáculos e dificuldades

A psicóloga Elaine Ferreira da Silva Taborda, afirma que a fé é interpretada por meio das relações desenvolvidas ao longo da vida, tem início já na infância e é construída na medida em que as experiências acontecem. O olhar da criança sobre a fé é “puro e inocente e ela possui uma capacidade única e admirável de se entregar em confiança, sem estabelecer critérios”.

O entorno social influencia esta construção, por isso a certeza na vida e no mundo pode ser enfraquecida quando o relacionamento com os pais ou responsáveis não é adequado, pois eles contribuem para os conceitos de fé nos próximos estágios. Contudo, as crianças possuem encantamento, entusiasmo e pureza pelas coisas.

Segundo Elaine, o olhar acostumado do adulto traz comodidade e insatisfação com a vida, fazendo com que tudo ao seu redor perca a graça, o sentido e a motivação. “Sem contar que as demandas do dia a dia e a pressa fazem com que a riqueza dos detalhes passe despercebida. Enquanto isso, as crianças sempre estão atentas e conseguem captar coisas que passam batidas aos olhos dos adultos”, reforça.

Para ela, ainda, ao longo da vida o ser humano perde a simplicidade e a inocência no olhar e por isso “podemos perceber que as crianças estão aqui para nos ensinar mais do que para aprender conosco, muitas vezes”. Enquanto elas são ensinadas pelos adultos a serem limitadas e aprisionadas em regras, as crianças ensinam a apreciar as pequenas coisas da vida e incentivam uma maneira mais leve e assertiva na hora de agir e de se relacionar com o outro.

A especialista observa que crescer significa ganhar e perder – ganha-se maturidade e aprendizado, perde-se inocência, espontaneidade e a capacidade de se surpreender. Na infância, se algo ruim acontece, a criança jamais desanima, perde sua esperança ou fé, pois continua acreditando em seus sonhos e que na próxima oportunidade dará certo.

Já na fase adulta, os empecilhos, obstáculos e barreiras fazem o indivíduo desacreditar da sua própria capacidade e dos seus sonhos. “Aprender com as crianças a fé é aprender a viver de modo genuíno a confiança em Deus, de modo inteiro”, assegura.

Elaine esclarece, por fim, que os filhos têm diversas maneiras de ensinar os pais conforme expressam sua maneira de resolver as mais variadas situações da vida. Em seus atendimentos, a especialista conta que vê muitos pais e mães motivados e gratos pela existência de seus filhos. “Mesmo querendo desanimar e parar de lutar pelas dificuldades encontradas em suas vivências, eles olham para os filhos e veem a importância de seu papel na vida deles, de quanto eles acrescentam, servem de força para continuarem com esperança e determinação e do quanto os filhos foram fundamentais para se chegar aonde está”.

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