Para manter a vitalidade do casamento é necessário dizer "sim" ao cônjuge todos os dias e perseverar.
Para manter a vitalidade do casamento é necessário dizer “sim” ao cônjuge todos os dias e perseverar.| Foto: Bigstock

Após longos anos de casamento, pode ser que chegue uma fase na qual, seja pela rotina, seja pela correria com os filhos pequenos ou pela ausência deles na casa quando crescem, o relacionamento entre os cônjuges comece a esfriar. E com isso, o casal não viva mais os sentimentos do início do relacionamento, na mesma intensidade

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Para manter a vitalidade do casamento é necessário que sentimentos como o carinho e a admiração entre os cônjuges prevaleçam durante o desenvolvimento natural da vida conjugal, ultrapassando os diferentes ciclos vividos, ainda que intensos e complexos.

Janete e Afonso Carlos Schiontek, membros da Pastoral Familiar da Arquidiocese de Curitiba, casados há 29 anos, pais de dois filhos, um com 28 e outro com 25 anos, acreditam que as circunstâncias da vida podem ser identificadas, de modo geral, em sete fases:

  1. Adaptação à vida conjugal nos primeiros três a cinco anos do casamento;
  2. A experiência da maternidade/paternidade;
  3. A introdução escolar dos filhos;
  4. A adolescência e juventude dos filhos
  5. A saída dos filhos de casa (conhecido como ninho vazio);
  6. O casamento dos filhos,
  7. As mudanças dos cônjuges em virtude da idade.

Além disso, a vida acadêmica e profissional dos cônjuges, as condições financeiras da família e as circunstâncias do cotidiano podem também trazer certas dificuldades ao matrimônio. Mas todas essas circunstâncias podem ser vistas com luzes e sombras, ou enxergando a beleza, alegria, amor e plenitude, ou as dificuldades, desentendimentos e conflitos.

“As sombras correspondem às circunstâncias a que estamos sujeitos e sobre as quais muitas vezes não temos controle. Correspondem também às nossas fragilidades e limitações, às nossas dificuldades em lidar com as situações, com as pessoas e muitas vezes com nós mesmos, diz respeito também à nossa espiritualidade", explica Janete. Segundo ela, quanto mais maduros e espiritualizados, mais luz o casal pode colocar nestas "sombras". "Por meio da fé podemos viver a alegria dos bons momentos e tomar as melhores decisões, fazer as melhores escolhas e reagir de maneira amorosa nos momentos difíceis", diz.

Continuamente dizer "sim"

Para nutrir uma cultura de carinho e admiração pelo outro, principalmente em épocas em que o relacionamento está passando por alguma dificuldade, é necessário decidir amar o outro. E isso deve acontecer mesmo que a decisão precise ser tomada diariamente ou várias vezes ao longo do dia, o que pode parecer simples, mas é bastante complexo.

É que amar vai muito além de um sentimento. Corresponde a uma ação ativa que exige que a façamos não da forma como gostaríamos, mas da forma com que o outro sinta-se amado. O casal deve estabelecer o amor ao próximo como meta e então, com os olhos fixos nesse objetivo, prosseguir no relacionamento para além das dificuldades que as circunstâncias da vida apresentam.

Além disso, após anos de casamento, quando se é mais experiente, para manter a intimidade, o carinho e a admiração pelo outro, é necessário perseverar. No casamento o processo de maturidade não tem uma dimensão somente individual.  É um processo do casal, que se faz junto, lado a lado.

“Para nós o divórcio não é e nunca foi uma opção, uma possibilidade ou uma alternativa à solução de uma crise, conflito ou dificuldade. Sendo assim, a única alternativa é seguir em frente rumo à meta. É muito triste ouvir a expressão: ‘vamos nos casar, mas se não der certo a gente separa/divorcia’. Quem casa pensando desta maneira está disposto ao trabalho que a relação exige? Deseja tornar-se uma pessoa melhor para si e para o outro?”, contam Janete e Afonso.

Na crise, o amadurecimento

Ao perder a intimidade com o cônjuge, seja pelo nascimento dos filhos, seja pela saída deles de casa, a falta de intimidade, carinho e admiração pelo outro, o casal pode enfrentar uma crise matrimonial. Essa questão não deve ser encarada necessariamente como um período ruim, mas como um momento de crescimento, amadurecimento.

O ponto é: o que decidir fazer com essa crise? Se a decisão for o afastamento, a solidão ou a distância, os cônjuges começam a ser tornar estranhos um para outro. Na verdade, deve ser o contrário.
Quando isso acontece entra em cena a decisão de perdoar o outro, se perdoar e adotar três R’s: recomeçar, redescobrir, reencantar. O movimento deve ser sempre de proximidade, de encontro, de intimidade.

Virtudes

O casal destaca que é importante lembrar que o relacionamento deve servir para que cada um se torne uma pessoa melhor, seja como um sujeito único, seja como casal, família. “Todos os dias temos a oportunidade de agir tomando a decisão de perdoar, cuidar, servir, apoiar, incentivar, escolher as palavras, doar-se ao outro e lhe fazer bem, rir de si mesmo e com o outro, sermos pacientes, alegrar-se com o outro, reconhecer que não somos conhecedores de tudo e que não podemos controlar todas as coisas, sermos cúmplices, não desistirmos e tantas outras atitudes que nos ajudem a cuidar e deixar-se ser cuidado pelo outro”, relatam Janete e Afonso.

Não é fácil, mas é possível. É para todos. “O tempo deve ajudar no crescimento da caridade conjugal, que nada mais é do que a plenitude do amor, ou seja, o amor enriquecido. Se há a decisão livre e consciente de um homem e uma mulher de partilhar a existência, de serem um e construírem esta unidade, de viver a fidelidade e a exclusividade, de viver em plenitude de sua afetividade e sexualidade, todos os esforços serão empreendidos para isso. Não tem mágica”, finaliza Janete.

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