Que atitudes os casais que têm um relacionamento de longa data tomam diariamente para fazer a união dar certo
Sofia e Luiz são casados há 34 anos e reforçam a importância de atitudes simples para a manutenção da vida a dois.| Foto: Arquivo pessoa/Sofia Helena

Todos nós conhecemos casamentos que passaram dos 50 anos de união. Mas, do mesmo modo, também conhecemos casamentos que não conseguiram ultrapassar a primeira dificuldade ou não chegaram a pelo menos cinco anos unidos. O que difere em casal de outro? Que atitudes aqueles que têm um casamento de longa data tomam para fazer dar certo?

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Após 20 anos de estudos sobre as interações entre casais, o psicanalista John Gottman buscou encontrar o que distingue os casamentos bem-sucedidos dos casamentos que acabam em divórcio. Foi a partir disso que ele escrever o livro Os sete princípios para fazer o casamento funcionar –(The seven principles for making marriage work). Para ele, os princípios que resultam em uma fórmula para encontrar a felicidade no casamento, são:

  1. Aprofundar o conhecimento mútuo
  2. Cultivar a afeição e a admiração
  3. Estar voltado um para o outro
  4. Aceitar as opiniões do parceiro
  5. Resolver os problemas que têm solução
  6. Superar os impasses
  7. Criar significados na vida em comum

Além dos sete princípios, Gottman narra em seu livro que, para o casamento funcionar é necessária uma profunda amizade entre os cônjuges. Isso se traduz em respeito mútuo e prazer pela companhia do outro, tendo como arma secreta a tentativa de reparação, ou seja, sempre evitar que se perca o controle das atitudes negativas. “Temos que tomar cuidado com as coisas que falamos para o próximo, independentemente se for o homem ou a mulher”, acrescenta Sofia Helena, professora, psicopedagoga e neuropsicopedagoga educacional.

Fazer dar certo

Sofia e Luiz, que já completaram 34 anos de matrimônio, acreditam que o maior segredo para o sucesso do casamento é querer que ele dê certo. Para o casamento funcionar primeiramente é preciso conhecer o outro e ver as imperfeições de maneira natural, como imperfeições humanas. Assim, além de conhecê-lo intimamente, os pequenos defeitos não serão vistos como tal. É uma maneira de entender que não somos iguais e, para amar, se ama do jeito que é e não do jeito que se quer”, acredita Luiz. 

Além disto, dentre os sete princípios apresentados pelo autor, Luiz destaca que o da aceitação das opiniões do parceiro é imprescindível para alcançar um casamento de longos anos. “Muitas vezes temos que saber silenciar, deixar de querer ter a razão em tudo. O fato de abrir mão naquele momento não significa a negação de si, mas saber esperar outro momento para expor as ideias de maneira que o outro entenda melhor, com isso o casal vai amadurecendo os seus propósitos e valorizando mais as decisões tomadas em conjunto”, diz ele.

Pequenas atitudes que fazem a diferença

Para Gottman a atenção aos pequenos momentos do dia a dia preserva a magia da vida a dois, pois a valorização das coisas simples proporciona bases sólidas para solucionar os conflitos que são inevitáveis no relacionamento. “Muitas pessoas pensam que o segredo para manter um parceiro ao seu lado é um jantar à luz de velas ou umas férias à beira-mar. Mas o verdadeiro segredo é estarem voltados um para o outro nas pequenas situações da vida diária. Um programa romântico à noite só intensifica realmente o amor quando o casal manteve a chama acesa tendo contato nas pequeninas coisas da rotina diária”, cita o escritor. 

Sofia acredita que valorizando as pequenas coisas do cotidiano e somando isso ao diálogo do casal, a cumplicidade se mantém ao longo dos anos, tornando o convívio leve e prazeroso entre os cônjuges. Ela explica que com o passar do tempo há tanta cumplicidade entre o casal que os sentimentos do outro acabam sendo percebidos mais facilmente, “é como se a dor, angústia, alegria e vitórias do outro fossem as nossas, porque ele se torna uma extensão sua"

E quando os filhos vão embora?

Um casamento duradouro ultrapassa inúmeras dificuldades e é quase certo que os casais que possuem filhos irão se deparar com o choque da saída deles de casa, ainda que os cônjuges possuam uma relação forte de cumplicidade.  

Para enfrentar este momento, Luiz e Sofia, pais de duas filhas, sendo que uma já saiu de casa, pontuam a importância da preparação para o momento de afastamento. “A melhor forma de se preparar é a cumplicidade dos pais com os filhos. É saber que eles foram bem-educados e estão bem. A receita para isso é o amor, pois não importará quanto tempo você estará junto, mas sim a qualidade deste tempo. O melhor presente que recebemos dos filhos é o olhar, o carinho e sentir-nos amados, independentemente se moram conosco ou não”, indica a neuropsicopedagoga.  

“O casal precisa estar preparado para voltar a serem dois. Não existe fórmula. Deve haver companheirismo e cuidado com a pessoa amada, para com isso deixar os filhos seguirem seus caminhos e o casal cuidar de si próprio. Precisamos saber que através do matrimônio preparamos nossos filhos para andarem por si próprios”, conclui o empresário.

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