Durante um processo de divórcio, ter amizades presentes é um excelente apoio e meio para enfrentamento da crise
Durante um processo de divórcio, ter amizades presentes é um excelente apoio e meio para enfrentamento da crise.| Foto: Bigstock

Durante um divórcio, muitas são as perdas para os ex-cônjuges: emocionais, financeiras, familiares, sociais. E neste momento de fragilidade e rompimento do vínculo amoroso, ter amizades presentes é um excelente apoio e meio para enfrentamento da crise.

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Segundo Maria Silvia Todeschi de Sousa, psicóloga de casais, é fundamental que aqueles que estão se divorciando possam contar com as redes de apoio existentes, visto que os vínculos afetivos fornecem pertencimento e saúde emocional. “Amigos podem amenizar a dor de quem enfrenta esse processo, oferecendo apoio, escuta, acolhimento no processo de transição e participação na formação de uma nova rotina”, acredita a psicóloga.

Cada separação, assim como cada história pessoal e de relacionamento, são únicos. Portanto, dependendo de como ocorreu, se foi dialogada e consensual ou se foi estressante e litigiosa, o apoio dos amigos pode ter um peso maior ou menor para enfrentar tal momento, destaca Célia Mazza de Souza, psicoterapeuta de casais e famílias.

Para tanto, o divorciado precisa estar aberto para novas experiências, elegendo as pessoas certas para confiar e compartilhar suas frustrações, sem exigir que os amigos tomem qualquer partido sobre os motivos do divórcio, sugere Maria Silvia.

Como apoiar um amigo que está enfrentando o divórcio?

Uma boa maneira de apoiar um amigo que está atravessando um processo de divórcio é acolher a dor, ouvir e criticar pouco o ex-cônjuge, indica Maria Silvia. Claro que é difícil não opinar, mas ouvir com respeito é mais efetivo do que adotar um posicionamento crítico em uma fase que por si só já é dolorosa para quem a atravessa.

“Evite criticar o ex-cônjuge de seu amigo, pois isso potencializa a dor de quem está se divorciando. Se necessário, pondere aspectos de minimização de conflitos, alerte a importância da harmonia, especialmente se tiverem filhos envolvidos no divórcio”, acrescenta ela.

Além disso, Célia indica que os amigos contribuam para aumentar a autoestima do amigo divorciado, sugerindo e acompanhando-o em algumas atividades, que tragam mais saúde e bons momentos, como um jantar, um cinema ou uma ida ao parque.

E quando se é amigo em comum do casal que passa pelo divórcio?

Muitas vezes o divórcio não desfaz necessariamente o laço afetivo entre os ex-cônjuges e até mesmo entre pessoas queridas das relações de amizade do ex-casal. Contudo, conforme explica Maria Silvia, um desafio enfrentado por muitas pessoas é o de como manter as relações de amizades comuns com o ex-casal, sem ofender a uma das partes e sem fazer com que alguém se sinta traído ou abandonado.

Nas relações em que o divórcio ocorre consensualmente e nas quais as pessoas têm mais maturidade de compreender o fim daquele casamento, é mais fácil que as amizades não sejam vistas como parte das muitas perdas que acompanham o divórcio.

“Quando há amigos que conseguem separar os papeis e estar compartilhando momentos tanto com um, como com o outro dos cônjuges, dando apoio, acompanhando, sem ampliar o sofrimento, com arbítrio próprio, isso é muito benéfico para cada um dos divorciados”, destaca Célia.

Contudo, a psicóloga explica que essa é uma tarefa complexa e que além de maturidade, exige boa comunicação. “É importante deixar nítido que você não vai tomar partido, que gosta e respeita ambas as pessoas e que está ali para apoiar e acompanhar. Isto pode abalar um pouco a relação amistosa, mas a fase passa e a vida segue”.

Dicas

Para quem é amigo em comum de um casal enfrentando um processo de divórcio, Maria Silvia deixa algumas dicas para manter a relação fraternal com ambos:

  1. Seja neutro, separe os conflitos conjugais das relações de amizade e não faça aliança com nenhuma das partes.
  2. Respeite as dores e frustrações de ambos os lados, além da sua própria frustração enquanto amigo do ex-casal.
  3. Assegure que a amizade entre vocês continuará a existir, mesmo que numa nova formatação. Isso é bastante importante nessa fase de muitas perdas.
  4. Tenha comunicação clara quando houver algum evento ou festividade, tentando evitar desconfortos e desentendimentos. Se for fazer uma festa e convidar ambos, por exemplo, esclareça que os dois são importantes para você.
  5. Não seja mediador de conflitos, isso fica para advogados e psicólogos.

E quando é a hora de se afastar dos amigos?

As diversas mudanças e quebra de vínculos já trazem bastante sofrimento para quem está se divorciando. Portanto, amizades que prejudicam ainda mais esse processo doloroso não são bem-vindas, destaca Maria Silvia. Segundo a profissional, isso acontece “quando os amigos tomam partido de um dos lados, aumentam os conflitos, envolvem-se em fofocas e potencializam prejuízos relacionais”.

Além dos conflitos, Celia explica que, algumas vezes, o processo de elaboração do luto do relacionamento que acabou pode estar cheio de lembranças com os amigos e que o divorciado, naquele momento, pode não dar conta de lidar. Nesses casos, a especialista sugere o afastamento dessas amizades.

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