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Em dezembro de 1947, a recém-casada Violet, americana de Fresno, na Califórnia, escreveu ao marido Floyd Hartwig, que servia na Marinha norte-americana: “Preciso dos seus braços em volta de mim. Todo o meu amor é seu. Cuide-se. Espero estar com você em breve. Te amo, te amo e vou te amar enquanto eu viver. De esposa que te ama sempre, Violet”.

Nascidos na mesma cidade, os dois se conheceram na escola primária. Anos depois, em plena Segunda Guerra Mundial, o já marinheiro Floyd conseguiu uns dias de licença e retornou a Fresno para rever a família. Foi durante essa licença, num baile local, que ele reencontrou Violet. Só entre os anos de 1946 e 1948, os dois trocaram 131 cartas, quase todas parecidas com o trecho que ilustra esta matéria.

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Floyd e Violet ficaram casados por 67 anos. Em fevereiro de 2015, os dois morreram no mesmo dia, lado a lado, com cinco horas de intervalo. O primeiro a partir foi Floyd, 90 anos. Ele estava com câncer, falha nos rins e morreu segurando a mão de sua esposa Violet. Cinco horas depois, foi Violet que morreu em sua cama ao lado da de Floyd.

“Eles queriam ir juntos”, disse a filha Donna Scharton ao jornal The Fresno Bee. “Era para ser assim.”

Casos com o de Floyd e Violet são mais comuns do que se imagina. Depois de muitos anos de convivência, a ligação entre marido e esposa se torna tão profunda que quando um dos cônjuges falece, o outro tem pelo menos 30% mais probabilidade de morrer nos seis meses posteriores ao falecimento do que quem não sofreu nenhuma perda, segundo um estudo da Universidade de Glasgow. Outro estudo parecido feito em Jerusalém aponta um índice ainda maior, de 50%. O estresse causado pela perda de um parceiro é apontado como a causa desse aumento

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Coração partido

Alguns médicos chamam essa condição de “síndrome do coração partido”, pois o estresse faz com o que os músculos do coração enfraqueçam, tornando a pessoa mais suscetível a ter um ataque cardíaco. Para chegar a essa conclusão, pesquisadores da Universidade de Aberdeen usaram dados de mais de 30 mil pessoas do Reino Unido com idade entre 60 e 89 anos. O estudo mostrou a existência de uma relação entre a perda do parceiro e o aumento de ocorrências cardiovasculares, mas não conseguiu quantificá-la.

Já a Universidade de Harvard apontou, além dos problemas no coração, aumento do número de derrames entre viúvos. “O estresse emocional certamente causa estragos no sistema nervoso simpático, o que pode levar a problemas”, explicou o professor Peter Stone ao Harvard Health Publications.

Além das alterações causadas pelo estresse na pressão arterial, frequência cardíaca e coagulação do sangue, após uma perda tão profunda quanto a de um cônjuge, o viúvo ou viúva pode se descuidar da própria saúde, numa desistência da própria vida, o que aumenta a chance de problemas de saúde.

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Apoio

Idosos que perdem seus companheiros de vida precisam do apoio dos familiares e amigos. É importante manter os laços sociais. Passeios e viagens em família são uma boa forma para manter o contato com o mundo e evitar o isolamento. A saúde também não pode ser deixada de lado. Alimentação saudável, exercícios e tomar os medicamentos corretamente é fundamental para manter o organismo bem.

O idoso vai precisar reorganizar a própria vida, construída há décadas com uma pessoa que não estará mais ao seu lado. Esse processo de luto demora meses e é perfeitamente normal e necessário para que o idoso possa seguir em frente. Mas, se mesmo depois de um ano o idoso ainda mostra sinais de depressão, o ideal é buscar ajuda de um profissional para ajudá-lo a trabalhar com a dor da perda.

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