Ser perseverante no casamento não se restringe à manutenção da união, mas deve servir para melhorar a qualidade do relacionamento.
José (91) e Ozília (86) atribuem sua longevidade ao fato de ambos terem sido perseverantes no casamento. Na foto, o casal com um dos filhos, André.| Foto: Arquivo pessoal/André Buchmann de Andrade

Encontrada facilmente nos meios profissionais e acadêmicos, como também praticada pelos atletas e artistas, a perseverança pode ser definida como a qualidade de quem persevera, um sinônimo de constância e firmeza, sendo assim a característica daquele que não desiste rapidamente.

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E quem não se recorda de alguém que precisou dedicar anos de sua vida, de forma constante, para atingir o objetivo desejado? Pois assim como todo projeto de vida, o casamento não é diferente e requer uma boa dose de perseverança exercida pelos cônjuges, que traz como benefícios não só um relacionamento duradouro, mas impacta no amadurecimento do indivíduo e inclusive na longevidade dos cônjuges.

A psicóloga e orientadora familiar Lelia Cristina de Melo, especialista em Neuropsicologia, Educação e Desenvolvimento pessoal e familiar, explica que a perseverança no casamento não pode se restringir à manutenção da união conjugal, mas deve servir para aumentar a qualidade do relacionamento entre os cônjuges e para o aperfeiçoamento pessoal como indivíduo, como casal e como pais. “Perseverar é perseguir conquistas, buscar aumentar o nível de qualidade humana do outro e olhá-lo com olhos de compreensão, principalmente aqueles defeitos e fragilidades”, comenta.

É que enquanto um dos cônjuges busca determinado amadurecimento ou desenvolvimento, a perseverança leva o outro a um estado de paciência, esclarece a especialista. “Paciência é sofrer em paz porque ninguém melhora tudo que precisa de maneira rápida. Então a pessoa que anseia a melhora do outro, precisa esperar nesse estado de calma, de modo que a perseverança inclui tanto o combate para ajudar o outro a sair de seu status quo e desenvolver-se, como também compreender quando ele ainda não foi à busca deste desenvolvimento ou não possuiu sucesso na conquista daquelas qualidades ou virtudes pretendidas”, enfatiza.

Lelia explica, ainda, que a vida conjugal é um âmbito que requer atenção e cuidados diferentes do exercício da paternidade e maternidade, pois “a primeira missão do casal é ajuda mútua, antes de serem pais. A paternidade e a maternidade vêm depois da vida conjugal. É por isso que o casamento deve ser sempre bem cuidado, mesmo que seja difícil com a paternidade e a maternidade”.

Decidir ser perseverante e colher frutos

É o que vive o casal José Matheus de Andrade Filho, de 91 anos e Ozília Buchmann de Andrade, de 86, moradores de Paranaguá (PR), que completaram 64 anos de casamento recentemente. “Perseverar é conservar o amor, a amizade, a paciência nos momentos difíceis, é seguir no dia a dia a promessa do matrimônio de ser fiel e respeitar o outro na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, e também na juventude e na velhice”, compartilham eles.

José e Ozília destacam que tiveram a sorte de ambos serem perseverantes, o que possibilitou chegarem a mais de seis décadas casados, com três filhos, sendo um deles padre. “Graças a Deus perseveramos sempre. Perseveramos quando éramos só nós dois, depois quando vieram os filhos e agora que estamos completando 64 anos de casados”, declaram eles lembrando dos benefícios trazidos por esta virtude durante seu casamento: “Fomos beneficiados com bons filhos, uma boa família, bons amigos e a felicidade que temos hoje. Somos muito felizes e nosso casamento contribuiu para chegarmos aos 91 e aos 86 anos de idade realizados".

"Sem a perseverança o que poderia vir a ser um relacionamento frio e distante, ainda que estejam juntos fisicamente, torna-se um amadurecimento pessoal, que ultrapassa as dificuldades que toda vida conjugal possa ter, alcançando um caminho duradouro com o comprometimento de cada um”, conclui Lelia, reforçando o exemplo de vida dado por José e Ozília.

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