Suicídio adolescente: culpados ou inocentes?
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Quem são os culpados? Quem é inocente? Parece serem essas as únicas preocupações da sociedade quando vemos uma notícia de casos de suicídios de adolescentes.

Quando se lê notícias, como as dos recentes casos envolvendo alunos de escolas particulares de São Paulo, os questionamentos se resumem a encontrar os por quês destes tristes episódios.

Então, nos deixamos levar e iniciamos uma grande investigação individual, e solitária, para achar as respostas que necessitamos para nos acalmar a alma.

Um suicídio é resultado de inúmeras mãos, de inúmeras razões que – podemos dizer – “a própria razão desconhece”.

A sociedade procura culpados. Todos nós procuramos e não nos damos por satisfeitos se não chegarmos a um denominador comum, a uma causa que levou àquela tragédia.

O maior respingo tem sido colocar na escola o rótulo de que foi negligente. Como não perceberam nada? Por que não tomaram uma atitude antes? E assim em diante.

Nessas horas, a sociedade não se aquieta para perceber que o motivo de um suicídio está intimamente ligado ao momento em que vivemos. Momento de inconstância, de incertezas, de inverdades: para um adolescente, gerir as confusões que o mundo adulto atual lhe propõe, é deveras desesperador. Isso sem falar do momento de desenvolvimento emocional, físico e intelectual que eles vivem nessa faixa etária, com tudo o que isso acarreta de bom e ruim.

Vivemos em um país baseado na corrupção, solidificado no poder  da fiscalização e da burocracia. Um país onde o mérito muitas vezes é destituído em detrimento ao sentimento de “coitadismo”. Não há como um adolescente lutar para ser um adulto de bem num cenário de desalento como esse.

Um suicídio tem muitos motivos, logicamente. Culpar a educação pode ser uma dessas razões, mas não a educação da escola, ou o ensino pedagógico, e sim a educação de toda uma sociedade de valores destruídos, derrotados pela falência da ética e do respeito ao ser humano.

Como pais e educadores, é preciso pensar nisso para ampliar nosso foco, procurando não ver apenas o caule de uma árvore, mas sim a floresta inteira. Floresta essa que, reitero, é a nossa nova geração, perdida em sua base mais sólida de ser humano: a base do amor e do respeito ao próximo.

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