Os coros da Capela Sistina, de roxo e sobrepeliz branca, e da Abadia de Westminster, de vermelho, cantando juntos diante da cátedra do papa, na Basílica do Latrão, em janeiro deste ano. Foto: Anglican Centre Rome| Foto:

Imagine o seguinte: você está na Basílica de São Pedro, em plena Solenidade de São Pedro e São Paulo – a festa própria da basílica e do papa, sucessor de São Pedro. É o papa mesmo que está presidindo a celebração. A música que você ouve, porém, vem de um coral anglicano e o repertório inclui peças da tradição anglicana.

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Isso aconteceu. Quando o papa Bento XVI visitou o Reino Unido em setembro de 2010, ficou tão encantado com a tradição coral da Igreja Anglicana que tomou a decisão de convidar o coro da Abadia de Westminster para cantar junto com o coro da Capela Sistina na Solenidade de São Pedro e São Paulo, em 29 de junho de 2012. O papa fez questão de que os coros não apenas se alternassem durante a missa, mas cantassem juntos a maioria das peças.

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O coro católico-anglicano ficou composto de 78 vozes, todas masculinas, entre garotos e adultos – 47 católicos e 31 anglicanos. Eles começaram a ensaiar juntos em maio, na Inglaterra. No repertório para a missa, estavam peças da Missa Papae Marcelli, de Palestrina, e também obras de compositores ingleses, como William Bryd, Thomas Tallis e Henry Purcell – o último anglicano e os outros dois católicos que compunham para a Igreja Anglicana.

O coro da Capela Sistina é considerado um dos mais antigos do mundo, sendo sua formação anterior à própria Capela Sistina, da qual posteriormente emprestou o nome. A composição de um coro permanente junto ao papa data do pontificado de São Gregório Magno, que se deu entre os anos de 590 e 604. Não há registros de que em seus mais de mil anos o coro da Capela Sistina tenha dividido o “palco” com outro grupo, antes do convite do papa Bento ao coro anglicano.

Aberto o precedente, a união com outros coros tornou-se um costume, sobretudo com grupos de outras confissões cristãs. Entre aqueles com os quais o coro da Capela Sistina já uniu suas vozes desde então, estão o coro luterano Thomanerchor, de Leipzig; o coro do Patriarcado de Moscou, ortodoxo; o coro anglicano do New College de Oxford; e o luterano Windsbacher Knabenchor, de Dresden.

Vale lembrar que na constituição apostólica Anglicanorum Coetibus, de 2009, que instituiu os ordinariatos pessoais para os grupos anglicanos que desejaram entrar em plena comunhão com Roma, o papa Bento sublinhou o valor das “tradições espirituais, litúrgicas e pastorais da Comunhão Anglicana”, que chamou de “dom precioso”.

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O coro da Capela Sistina é dirigido desde 2010 pelo padre salesiano Massimo Palombella. Em 2015, o papa Francisco autorizou a primeira gravação de um álbum do coro na capela que lhe dá nome. Os lucros de Cantate Domino são dirigidos exclusivamente para obras de caridade. O coro também tem um canal Vevo no YouTube.

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