Filipe Barros, na Câmara de Vereadores de Londrina, numa das sessões que discutiu o projeto de lei de sua autoria que proibiu a difusão da ideologia de gênero nas escolas da cidade (foto: reprodução/Instagram).
Filipe Barros, na Câmara de Vereadores de Londrina, numa das sessões que discutiu o projeto de lei de sua autoria que proibiu a difusão da ideologia de gênero nas escolas da cidade (foto: reprodução/Instagram).| Foto:

Embora seja natural que a recém-eleita bancada do PSL apoie as pautas do presidente Bolsonaro, uma análise atenta ao histórico de cada parlamentar revela que são poucos ali os que realmente já tiveram algum protagonismo na luta contra a ideologia de gênero e o aborto. A maioria só aderiu explicitamente ao discurso de combate a esses males durante a campanha, talvez por desconhecerem a temática ou por priorizarem outras bandeiras. Entre esses poucos com incontestável currículo pró-vida e pró-família está Filipe Barros, deputado federal eleito pelo Paraná.

O jovem de 27 anos, vereador de Londrina desde 2016, teve atuação fundamental na aprovação do Dia do Nascituro em sua cidade depois de acaloradas discussões. O projeto, aprovado em maio de 2017, determina a realização de eventos, palestras e seminários sobre a dignidade da vida do nascituro, cuja data de comemoração escolhida foi a de 8 de outubro.

Ideologia de gênero

Em setembro de 2018, foi a vez da Câmara londrinense enfrentar a corrosiva questão da ideologia de gênero, propagada com obsessão durante as gestões petistas, e ignorada com vexaminosa conivência durante anos pelos nomes da velha política, mesmo aqueles que simulavam algum conservadorismo.

O que é “ideologia de gênero”?

Foi Barros que, como autor principal do projeto de lei, incluiu na Lei Orgânica do Município um artigo que vedou a “adoção, divulgação, realização ou organização de políticas de ensino, currículo escolar, disciplina obrigatória, complementar ou facultativa, ou ainda atividades culturais que tendam a aplicar a ideologia de gênero e/ou o conceito de gênero estipulado pelos Princípios de Yogyakarta”.

A menção específica a Yogykarta – entenda o que é aqui – revela o nível de aprofundamento que o parlamentar buscou para a construção do projeto. Definitivamente é o tipo de coisa que apenas aqueles que estão na linha de frente da luta cultural dominam. Trata-se de uma blindagem legislativa perfeita contra o problema.

Influência

Como bônus, além da experiência nessas pautas como vereador e palestrante, Barros tem como madrinha política uma das lideranças mais respeitadas do Brasil na defesa da infância, da vida e da família: Damares Alves, a futura ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos. Ele também é próximo do futuro ministro da Educação – e residente de Londrina – , professor Ricardo Vélez-Rodriguez que, assim como o deputado, é entusiasta do Escola Sem Partido, projeto replicado em dezenas de municípios – ainda não aprovado em nível federal – e que visa proteger os estudantes da doutrinação político-partidária promovida por livros didáticos e militantes travestidos de professores.

Com esse histórico, e esses contatos, não surpreende o fato de Barros ser visto por um número cada vez maior de analistas como o homem de Bolsonaro no Paraná, título que se deduz com facilidade ao assistir o vídeo gravado pelo então candidato Bolsonaro, antes do primeiro turno, no qual ele pede explicitamente que os paranaenses votem em Filipe Barros.

 

Entrevista

Confira a seguir a entrevista exclusiva que o deputado eleito concedeu ao Blog da Vida:

 

BLOG DA VIDA: Em 2017, você foi um dos principais responsáveis pela aprovação do Dia do Nascituro em Londrina. Alguns seguimentos da sociedade criticam projetos como esse por duas razões: primeiro, porque consideram datas comemorativas oficiais inúteis e, em segundo lugar, por que acham que o estado não deve fazer nenhum tipo de campanha contra o aborto. Como responde a essas alegações?

FILIPE BARROS: No Brasil, o aborto é tratado como crime com pena de 1 a 4 anos de reclusão. Inclusive, fazer apologia à prática abortiva também é crime. Logo, oficialmente, o Estado já tem lado nessa discussão. Até o Código Civil reconhece os Direitos do Nascituro.

Quanto às datas comemorativas no Brasil, realmente, elas têm caído em descrédito. Muitas vezes devido ao uso político desse instrumento. Mas, isso não diminui o fato de que, quando o Poder Legislativo, que é o representante do povo, institui uma lei reconhecendo o Dia do Nascituro o próprio poder Público está dizendo: “em Londrina nós reconhecemos e valorizamos a vida”. Isso, pessoalmente, me deixa muito satisfeito.

 

BLOG DA VIDA: Outra de suas bandeiras durante as eleições foi a luta contra a ideologia de gênero, um assunto que a maioria dos políticos preferia evitar até poucos anos atrás. Até hoje, muitos nesse meio sequer entendem do que se trata, vinculando-o erroneamente à luta contra mulheres ou gays. Como você lida com a confusão nesse tema e por que achou que a denúncia desse problema lhe traria um bom desempenho eleitoral?

FILIPE BARROS: Há 39 anos um vereador londrinense não ganhava uma eleição para deputado federal. Mas, ao propor o então projeto de lei, proibindo a ideologia de gênero, não fiz esse cálculo político. Entendo a política como uma missão. Meu trabalho na Câmara de Vereadores era lutar pelas pautas pelas quais fui eleito: o combate à Ideologia de Gênero, a luta contra a corrupção e a diminuição dos impostos.

Entendo que só obtivemos êxito na aprovação do projeto de lei contra a Ideologia de Gênero, porque aplicamos aquilo que defende o professor Olavo de Carvalho: antes de propor a lei, é preciso fazer o trabalho de convencimento junto à população, o trabalho cultural. Por isso, começamos esse trabalho em Londrina há muitos anos, com palestras em escolas e igrejas, antes mesmo de me eleger vereador.

 

BLOG DA VIDA: Entre os projetos em tramitação que afetam diretamente questões de defesa da vida e família hoje no Congresso, quais você destacaria?

FILIPE BARROS: Existem excelentes projetos tramitando no Congresso Nacional que precisam ser aprovados, como o Estatuto do Nascituro e o da Família. Mas outro projeto de lei fundamental, que poucas pessoas associam a estas bandeiras e que precisa ser aprovado urgentemente, é o Escola Sem Partido.  Nas últimas décadas, a esquerda investiu fortemente na silenciosa revolução cultural dentro das salas de aula do Brasil. Muitos alunos estão saindo das escolas e universidades completamente doutrinados politicamente, acreditando que a luta pela vida e a defesa da família é coisa de gente retrógrada e reacionária.

Precisamos investir nossas energias fortemente na aprovação desses projetos. Não só naqueles que beneficiarão os brasileiros agora, mas também as próximas gerações. Os brasileiros esperam isso de nós.

 

BLOG DA VIDA: Muitos analistas o apontam como um dos parlamentares paranaenses mais próximos do presidente Bolsonaro. Você também é próximo da ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, e tem contato como ministro da Educação, Ricardo Vélez. De que forma isso pode beneficiar o Paraná?

FILIPE BARROS: Acho que pode beneficiar de diversas formas, não só o Paraná como todo o Brasil. Pretendo, assim que possível, trazer o Ministro para ver de perto dos problemas do nosso Estado. Hoje, é consenso entre os brasileiros o fato de que toda a transformação que precisamos passa necessariamente pela educação. O ministro Ricardo Vélez vem com a missão de reestruturar e revolucionar o ensino no país, que tem um dos piores índices do mundo.

Tenho uma relação de profunda amizade e confiança com a ministra Damares Alves, foi ela que me incentivou a ser candidato a vereador e, posteriormente, a deputado federal.   Não fosse o apoio e o conselho da Damares, certamente eu não estaria aqui.  Sei que a ministra fará um trabalho espetacular na defesa da vida e da família.

 

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Mesmo antes da indicação de Ricardo Vélez como ministro, Filipe Barros já era um dos maiores defensores de seu nome para ocupar o cargo.

Em março de 2018, quando a vitória de Bolsonaro ainda era apenas uma esperança que, segundo muitos analistas, ia “desidratar”, Barros já era seu apoiador.

Praticando tiro ao alvo com Olavo de Carvalho, o filósofo que moldou a nova direita no Brasil e emplacou dois ministros no governo.

 

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