Konrad Krajeski é o esmoleiro pontifício desde 2013.
Konrad Krajeski é o esmoleiro pontifício desde 2013.| Foto:

Na Cúria Romana existe um cargo muito peculiar, chamado de esmoleiro pontifício, ou esmoleiro apostólico. Como o nome denuncia – sim, a palavra vem de “esmola” – trata-se do responsável por fazer caridade aos necessitados em nome do papa. A instituição do cargo remonta ao século XIII e suas atribuições foram definidas pelo papa Beato Gregório X (1271-1276).

Quem ocupa o cargo atualmente é o arcebispo polonês Konrad Krajewski, de 53 anos. Doutor em Liturgia, ele fez parte da equipe de mestres de cerimônia pontifícios entre 1998 e 2013, quando foi apontado para a nova função. Na ocasião, o papa Francisco desejou reinventar a esmolaria pontifícia, antes reduzida a um escritório que fazia algumas doações e expedia as bênçãos apostólicas em pergaminho.

Francisco visita albergue aberto pela esmolaria apostólica em 2015. Foto: CNS/L'Osservatore Romano Francisco visita albergue aberto pela esmolaria apostólica em 2015. Foto: CNS/L’Osservatore Romano

“Você pode vender a sua escrivaninha. Você não precisa dela. Você precisa sair do Vaticano. Não espere que as pessoas batam à sua porta. Você tem que sair e cuidar dos pobres”, disse o papa a Krajewski ao designá-lo como esmoleiro, segundo o próprio arcebispo.

Desde então, o departamento tem sido muito ativo. Nesses quatro anos, a esmolaria pontifícia foi a responsável pela instalação de um albergue, chuveiros, barbearia e lavanderia para moradores de rua nas proximidades do Vaticano – e até mesmo por passeios à praia com os mendigos durante as férias.

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Boa parte dos fundos usados para essas obras vêm da emissão de pergaminhos com a bênção apostólica em nome do papa, que podem ser requisitados por fiéis leigos, clérigos, religiosos ou instituições. O valor a ser pago pelo certificado é inteiramente revertido para a esmolaria apostólica e para cobrir os gastos de sua preparação e envio.

O papa impõe as mãos sobre Krajewski em sua ordenação episcopal, em 2013. O papa impõe as mãos sobre Krajewski em sua ordenação episcopal, em 2013.

Mas se todas essas obras de caridade são feitas, como indicam as atribuições do cargo, em nome do papa, o fato é que Krajewski também percebeu a necessidade de fazer de toda a vida uma doação de amor aos mais necessitados. Há alguns meses, ele dorme no próprio escritório da esmolaria, dentro do Vaticano, pois colocou seu apartamento à disposição de famílias de refugiados.

Krajewski oferece alojamento no seu apartamento até que as famílias consigam encontrar um trabalho, se tornar independentes e encontrar uma moradia definitiva. Para ele, se trata de um gesto “natural e espontâneo”, que “não tem nada de heroico”. “O Evangelho nos ensina a ajudar quem vive na necessidade, e a primeira necessidade é a moradia”, diz.

“Há algumas semanas, chegaram outras famílias e a coisa bonita é que pela primeira vez, na minha casa, nasceu uma bela menina. E eu confesso, me sinto uma espécie de avô, um tio. É a vida que continua, dom de Deus”, conta o arcebispo.

Com informações da Rádio Vaticano.

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