Ativistas protestam em defesa da Planned Parenthood. Foto: Bigstock.
Ativistas protestam em defesa da Planned Parenthood. Foto: Bigstock.| Foto:

Com a decisão anunciada ontem (23/01) pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de voltar a proibir o financiamento público para ONGs que realizam ou promovem abortos no exterior, a Planned Parenthood, a maior rede de clínicas de aborto do mundo, alegou que tem um papel importante no fornecimento de serviços de cuidado pré-natal e de planejamento familiar, não se limitando à realização de abortos. Segundo dados da instituição, os abortos constituiriam apenas 3% dos serviços prestados. Não é isso, porém, que revelou uma investigação conduzida pelo site LiveAction.

A equipe do site entrou em contato com mais de noventa unidades da Planned Parenthood. Por telefonema ou em pessoa, eles se apresentaram como grávidas à procura de serviços de pré-natal. As respostas dos atendentes da rede foram claras: “Não oferecemos cuidado pré-natal”, “Planned Parenthood oferece abortos, então não oferece cuidado pré-natal”, “Infelizmente não oferecemos nenhum tipo de serviço pré-natal aqui”, “Somos especialistas em abortos”, “Oferecemos apenas serviços de interrupção de gravidez”.

Alguns atendentes foram bastante sinceros em dizer que o nome da rede – que significa “parentalidade planejada” – é “um tanto enganador”. Apenas cinco unidades, das 97 contatadas, dispunham de cuidado pré-natal. A equipe contatou unidades de todas as 41 afiliadas da rede localizadas em estados em que é permitido gravar anonimamente uma conversa.

Cecile Richards, a presidente da rede, diz que as pessoas dependem da Planned Parenthood para o cuidado pré-natal. Porém, segundo os dados da própria instituição, ela é responsável por apenas 1,8% dos exames de mama e 0,97% dos exames papanicolau dos Estados Unidos, mas realiza 30,6% dos abortos feitos no país. Esse número equivale a mais de 800 abortos por dia.

Trump proíbe o financiamento público de ONGs que promovem e realizam abortos no exterior

Como esses dados batem com os 3% que a rede diz ser o percentual que o aborto representa entre os serviços que oferece? Se uma mulher vai a uma unidade da rede querendo abortar, ela passa, por exemplo, por um teste de gravidez e um de imunidade, além do próprio procedimento do aborto, e recebe contraceptivos ao final. A rede contaria isso como quatro serviços, fazendo com que o aborto pareça 25% do que foi feito – quando, na verdade, todo o atendimento tinha por fim apenas o aborto.

Todo ano, a Planned Parenthood recebe uma verba de 500 milhões de dólares do governo federal. A cessão do financiamento público à rede é um dos temas em pauta no Congresso norte-americano. A decisão de ontem de Trump proibiu o financiamento apenas das ONGs que realizam e promovem o aborto no exterior, o que atingiu o braço internacional da Planned Parenthood.

Assista ao vídeo (em inglês) que mostra as respostas dos atendentes da rede durante a investigação do LiveAction:

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