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No início do namoro, Ana sempre chegava em casa feliz e animada. Ela contava para as amigas a respeito do seu relacionamento e torcia para que o companheiro a levasse jantar em seu restaurante preferido no próximo encontro. Só que, aos poucos, aquele sorriso largo foi desaparecendo, as ligações para amigas diminuíram e ela não se importava mais em frequentar lugares que amava. Na verdade, parecia que ela não gostava de mais nada. Seus pais ficaram preocupados e imaginaram que o namoro da filha pudesse ser o motivo das mudanças. Mas como ter certeza que a garota estava envolvida em um relacionamento tóxico?

Namoro abusivo: quando o amor dá lugar à obsessão e violência

Situações fictícias como a de Ana são mais comuns do que se imagina, afetam significativamente a rotina de moças e rapazes, e precisam de atenção. Por isso, o contato entre pais e filhos deve ser bem próximo a fim prevenir essa situação e, se ela ocorrer, perceber os sinais ainda no início para conversar a respeito. “Pais que são distantes não conseguirão ajudar os filhos e até poderão ver problemas que não existem“, pontua o psicoterapeuta Matheus Vieira.

De acordo com ele, mudanças na rotina dos jovens e na maneira de se portar podem ocorrer por fatores como crescimento, adaptação a um novo ambiente e até como tentativa de fazer amigos. No entanto, quando acontecem devido a uma relação amorosa abusiva, é preciso ficar alerta. “Nas relações abusivas, a pessoa deixa de ser ela mesma, perde sua individualidade e não tem mais alegria de viver. Tudo isso em nome do parceiro”, afirma o especialista.

E, para evitar o desenvolvimento de doenças emocionais como depressão, os pais devem aproveitar o vínculo de amor que têm com o filho para alertá-lo o quanto antes. “Quando a família tem essa ligação, fica mais fácil para o menino ou a menina se abrir com os pais, ouvir o que eles têm a dizer e se conscientizar do que está ocorrendo”. Para isso, Vieira cita alguns sinais apresentados pelos envolvidos em relacionamentos tóxicos que podem ajudar na identificação do problema. Fique atento.

1. Ciúme excessivo

O abusador tem um sentimento de posse em relação à vítima, então costuma “bisbilhotar” seu celular e suas redes sociais, exige saber onde ela vai e até a proíbe de sair com amigos e familiares. Inicialmente, esse ciúme excessivo pode parecer um gesto de amor e cuidado, como se desejasse estar com a pessoa amada em todos os momentos, mas é sintoma de um relacionamento possessivo e evidencia a falta de confiança.

2. Mudança na aparência e nos gostos

No relacionamento abusivo, um dos dois sempre cede e acaba fazendo a vontade do outro. Isso ocorre na hora de escolher onde ir, do que vão fazer e até mesmo ao decidir o corte de cabelo que terá ou a roupa que irá vestir. A vítima é ludibriada a ponto de acreditar que faz tudo por amor, mas, na verdade, está perdendo sua individualidade e apenas obedecendo.

3. Brigas constantes

Como o abusador quer controlar a vítima, existem brigas quando há alguma resistência e, após o conflito, ele sempre apresenta uma justificativa para sua atitude. De acordo com o psicólogo, essas desculpas costumam ser tão boas e acompanhadas de tantas juras de amor, que a pessoa abusada acredita e perdoa.

4. Baixa autoestima

Para convencer a vítima a fazer o que ele quer, o abusador também se utiliza de chantagens e ameaças. É comum ouvi-lo dizer frases como “você não é nada sem mim” ou “se você me deixar, vai sofrer”. Aos poucos, isso destrói a autoestima da vítima e a faz acreditar que não será feliz sem aquele relacionamento.

5. Sentimento de tristeza e culpa

O abusador também faz com que o companheiro acredite que é culpado por todos os problemas na relação. Para isso, afirma que é ciumento porque o outro lhe dá motivos ou que perde a paciência porque o abusado não o obedece. Seu objetivo é inverter o papel de vítima na relação para que o outro tenha pena dele e o obedeça por “amor”.

6. Afastamento

Ao acreditar que é a culpada pelos problemas da relação, a pessoa abusada começa a fazer tudo o que o outro exige e se afasta das pessoas que gosta. Aos poucos, deixa de conversar com seus amigos e com a família, isolando-se na relação tóxica.

7. Perda de identidade

Sem cultivar as amizades que tem, comer o que deseja ou frequentar lugares que gosta, a vítima vai perdendo sua identidade e passa a fazer somente a vontade do outro. Aos poucos, não tem mais capacidade de tomar decisões e até as roupas que veste são escolhidas pelo abusador. “Em um relacionamento saudável, os dois precisam ceder um pouco para encontrar o equilíbrio”, diz Vieira. “Isso é bem diferente do que ocorre em uma relação abusiva, em que um deixa de ser quem é para fazer a vontade do outro em tudo. A situação é perigosa e a pessoa precisará de ajuda para sair da relação”, pontua o psicólogo.

 

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