França quer tirar cruz da estátua de João Paulo II, mas Polônia se oferece para ficar com ela
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A cruz de uma estátua dedicada à João Paulo II, instalada em 2006 numa cidade da França, tornou-se a mais recente prova do quanto a radicalização do laicismo francês pode ser insensato. Trata-se de uma ação judicial que corre desde que o monumento foi inaugurado e sobre a qual uma nova e polêmica decisão foi tomada na semana passada.

O Conselho de Estado da França, um tribunal relacionado à justiça administrativa no país, decidiu que a cruz que é parte integrante da estátua do papa polonês, localizada na pequena cidade de Ploërmel, no oeste da França, deve ser retirada por violar a legislação de 1905 que decreta a separação entre Igreja e Estado. Ou seja, a figura do papa pode ficar – ainda que o próprio papa também seja um símbolo evidente do cristianismo – mas cruz tem que sair.

(Foto: reprodução/FlickR) (Foto: reprodução/FlickR)

Pode parecer apenas uma decisão estúpida, mas abre um precedente perigoso que de certa forma criminaliza os símbolos do cristianismo. Analistas católicos da Europa têm alertado para o fato de que, a partir dela, todas as cruzes instaladas em espaços públicos da França, mesmo que tenham uma ligação óbvia com a história ou cultura do país, estão sujeitas à remoção por “ofenderem o laicismo francês”, com base numa interpretação radicalizada de uma lei que tem mais de cem anos.

A decisão determina que a cidade de Ploërmel retire a cruz dentro do prazo de seis meses. O prefeito Patrick Le Diffon, contudo, declarou à agência de notícias France Press que pretende recorrer à Corte Europeia de Direitos Humanos contra a decisão. “A estátua faz parte da paisagem de Ploërmel há 12 anos, e não prejudica em nada aos habitantes. Pelo contrário, é algo turístico para a comunidade”, disse Le Diffon.

 

Polônia

Após tomar ciência da bizarra decisão do tribunal francês, a primeira-ministra da Polônia, Beata Szydlo, reagiu e afirmou que a Polônia, terra-natal de João Paulo II, se oferece para ficar com a estátua, caso o governo francês e a comunidade local concordem. Em declaração à agência polonesa PAP, Beata qualificou a decisão como uma forma de censura ao cristianismo e que “a secularização estatal dá espaço a valores estranhos à nossa cultura e conduz ao terror a vida cotidiana dos europeus”.

Ela lembrou ainda que o próprio João Paulo II já havia advertido que a democracia sem valores conduz ao totalitarismo e afirmou que o papa, “um grande polonês e um grande europeu”, é um símbolo da Europa unida e cristã.

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