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O principal objetivo, segundo a idealizadora, é trazer qualidade de vida por meio das artes manuais.| Foto: Arquivo pessoal Valquíria Pereira da Rocha

Valquíria Pereira da Rocha, de 50 anos, dava os primeiros passos quando desenvolveu paralisia infantil. “Conta a minha mãe que eu comecei a andar com um ano e dois meses e com dois [anos] eu parei. Daí, começou uma luta para mim e para a minha família”, diz.

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A rotina em uma cadeira de rodas trouxe (e ainda traz) muitos desafios, mas uma vontade imensa de fazer o bem. Há cinco anos, teve início o que ela chama de “projeto de vida”: uma oficina de artesanato aberta a quem precisa. “Tudo pela fé”, justifica.

“Depois que eu me aposentei, comecei a fazer muitos cursos de pintura, crochê e bordado para não ficar parada e quando os cursos encerraram, decidi criar minha própria oficina”, lembra. O principal objetivo, segundo a idealizadora, é promover qualidade de vida por meio das artes manuais e de graça.

A iniciativa que surgiu pequena no salão paroquial de uma igreja, em Curitiba, hoje tem seu próprio espaço, mantido por incentivadores. A Laços de Amor, como é chamada, atende de 60 a 70 mulheres toda semana, de terça a quinta-feira.

“Eu recebo muitas pessoas com depressão, é o que mais tem. Mas, já tive participante com leucemia. Tem cadeirante e pessoas desempregadas que vem aqui aprender para gerar uma renda. Todos são bem-vindos”, afirma.

Participantes se reúnem todas as terças, quartas e quintas. Foto: Arquivo Valquíria da Rocha
Participantes se reúnem todas as terças, quartas e quintas. Foto: Arquivo Valquíria da Rocha

Entre as alunas há senhorinhas, mas também muitas jovens em busca de ocupação. Por conta da pandemia, a dinâmica teve que ser alterada. Enquanto algumas continuam se encontrando pessoalmente (com todos os cuidados necessários para evitar o contágio pelo novo coronavírus), as mais idosas seguem o trabalho de casa. “É muito gratificante”, resume Valquíria.

Motivação

Mas, foi dois anos atrás que – pela primeira vez desde que o projeto virou realidade – a coordenadora pensou seriamente em desistir. O marido dela, Valdeci, companheiro de várias batalhas, sofreu um AVC e ficou com o movimento das pernas comprometido. “Falei Meus Deus, e agora? Eu vou ter que parar com a oficina”, recorda.

Aulas de crochê, bordado, costura e pintura são ministradas pelas próprias participantes e por professoras voluntárias. Foto: Arquivo Valquíria da Rocha.
Aulas de crochê, bordado, costura e pintura são ministradas pelas próprias participantes e por professoras voluntárias. Foto: Arquivo Valquíria da Rocha.

Um forte momento de oração depois e Valquíria teve a resposta que precisava para continuar. “Naquele mesmo dia, uma mulher me mandou mensagem dizendo que tinha depressão profunda, que sabia fazer tricô e crochê e que precisava da minha ajuda. Depois disso, meu marido melhorou e eu nunca mais parei”, comenta.

Vocação

Além da oficina de artesanato, a curitibana também movimenta uma corrente de boas ações onde mora, emprestando cadeiras de rodas e muletas para necessitados, realizando bazares e intermediando doações de cestas básicas a famílias carentes. “É uma missão”, conclui.

* Caso você tenha materiais de artesanato que possam ser doados ou quiser ajudar o trabalho da Valquíria de alguma forma, o contato dela é o (41) 99715-6254.

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