Projeto Cartas Vivas levou uma palavra de reconhecimento, ânimo e esperança a profissionais da linha de frente do combate à Covid-19.
Projeto Cartas Vivas levou uma palavra de reconhecimento, ânimo e esperança a profissionais da linha de frente do combate à Covid-19.| Foto: Divulgação/Alcance Curitiba

No início da pandemia, muitas foram as vezes em que se viu em publicações na internet ou em vídeos recebidos em WhatsApp, pessoas aplaudindo os profissionais da linha de frente do combate à Covid-19. Quase um ano e meio depois, estes profissionais continuam lutando por vidas, mas muito mais cansados e desgastados. O que não mudou foi a necessidade de receber apoio da população.

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"Conversando com a comunidade médica, descobrimos que as pessoas da linha de sentem falta de reconhecimento, compreensão e muitos estão deprimidos. Foi assim que decidimos fazer algo capaz de valorizar e demonstrar quanto eles são especiais", conta Marciano Ortencio, pastor da Alcance Curitiba, que entregou 2.100 cartas no dia 1° de maio, aos profissionais do Hospital do Trabalhador, localizado na capital paranaense.

O Projeto Cartas Vivas nasceu a partir dessa constatação do pastor e teve um objetivo muito claro: chegar a esses profissionais que têm ficado tanto tempo distantes de suas família e amigos, e levar uma palavra de reconhecimento, ânimo e esperança. Para isso, toda a comunidade foi convidada a participar da produção das cartas. Um kit com alguns itens para acarinhar o coração dessas pessoas foi entregue junto.

Um estudo publicado pela Fundação Oswaldo Cruz, em março deste ano, e realizado com profissionais de saúde no Brasil, mostrou que a pandemia alterou de modo significativo a vida de 95% desses trabalhadores, que quase 50% admitiram excesso de trabalho, com jornadas de mais de 40 horas semanais, e 45% deles afirmou que precisa de mais de um emprego para sobreviver.

Exercício de empatia

Dianna Lupion Camargo, de 41 anos, foi uma das autoras das cartas. Ela escreveu 15 delas, e só não fez mais, porque não queria que se tornasse mecânica a mensagem que estava transmitindo. "Enquanto escrevia tentei me colocar no lugar deles e imaginar o que eles devem sentir lá. Quando ouvi sobre o projeto me interessei porque seria uma grande oportunidade de ter acesso à vida dessas pessoas que têm família, medos, uma rotina, mas que no momento em que todos se voltaram para suas casas, elas foram no caminho contrário para salvar vidas", diz ela ao comparar os profissionais do hospital a bombeiros que vão em direção ao fogo, para cuidar de outros.

E o Cartas Vivas não atingiu somente os membros adultos da igreja. Crianças e adolescentes tiveram também a oportunidade de a seu modo externar aquilo que têm visto e sentido durante a pandemia, e fazer um exercício de gratidão, virtude tão importante para a formação de adultos com mais amor ao próximo. "Gostei de participar do projeto porque ele incluiu todas as áreas do hospital, dos médicos aos pessoal da limpeza. Isso mostra como cada um tem um papel tão essencial todos os dias e foi gratificante poder honrar a vida de todos eles", conta Clara Rosa, de 14 anos.

Na casa da Andressa Moskwyn, de 34 anos, a oportunidade permitiu que os filhos pudessem entender melhor quem são as pessoas que estão trabalhando no hospital e do esforço que elas fazem diariamente, estando longe da família, para cuidar da família de outros. "A vontade de 'fazer parte' que surgiu neles e que os levou a fazer o que eles sabiam pra agradecer. Com poucas palavras e lápis de cor foi o jeito deles de expressar o muito obrigado e foi uma experiência incrível", conta a mãe.

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