Na infância, Tia Elzinha era muito querida por Flavio Borsetti Neto e cuidar dela neste momento delicado foi uma honra para ele
Na infância, Tia Elzinha era muito querida por Flavio Borsetti Neto e cuidar dela neste momento delicado foi uma honra para ele.| Foto: Arquivo pessoal/Flavio Antonio Borsetti Neto

Quase todo mundo tem uma professora da época da escola que foi bastante marcante. No caso do Flavio Antonio Borsetti Neto, médico intensivista de Matão, no interior de São Paulo, era a “Tia Elzinha”, da Escola Estadual José Inocêncio da Costa. A professora era tão querida pelo então menino, em 1986, que na formatura da pré-escola ele queria dar uma joia de presente para ela. Convenceu a mãe a comprar apenas um porta-joias, mas a entrega emocionante foi registrada pela família em um vídeo caseiro, guardado até hoje.

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“Eu era meio arteiro e ela sempre me defendia, então a gente criou um vínculo de carinho”, revela o médico. O menino bagunceiro cresceu e estudou medicina. Hoje é o responsável pela UTI do Hospital Carlos Fernando Malzoni, que, como quase em todo o país, passa por uma situação difícil diante dos inúmeros casos de infecção por coronavírus. Sob a responsabilidade dele já estiveram inúmeros conhecidos que contraíram o vírus.

E a “Tia Elzinha” foi uma dessas pessoas. Elza Bussola Ribeiro hoje é aposentada, tem 73 anos. Em março ela foi diagnosticada com Covid-19 e precisou de atendimento hospitalar. O caso foi agravando e ela foi transferida para a UTI. Por pouco não precisou ser intubada mas, 40 dias depois, a família recebeu a melhor notícia: ela havia vencido a doença. Flavio tirou uma foto com a ex-professora, divulgou na internet e, aliviado, comemorou a recuperação dela. “É um sentimento único de poder retribuir com meus cuidados o que ela iniciou há 35 anos. O que sou hoje começou com ela”, diz o médico.

Flavio reforça que apesar de o coronavírus poder atingir com gravidade, praticamente todas as faixas etárias, pela idade de Elza, desde o momento do diagnóstico, era possível que o quadro ficasse mais grave. Foi o que aconteceu. Pela boa saúde da paciente, acredita o médico, a situação não ficou pior. “Ela não tinha nenhuma doença crônica então apesar da internação na UTI e da tristeza da família eu acreditava que ela ia se recuperar”, afirma ele.

Elza está em casa ainda em processo de recuperação pois, segundo Flavio, o longo período internada a deixou bem debilitada, com perda de massa muscular. Ele destaca que a intenção em divulgar a história, era transmitir uma mensagem de esperança e, principalmente, valorizar a profissão da mulher que tanto admira. “Eu afirmo com toda a certeza que é a mais nobre das profissões porque é o berço das demais”, enfatiza ele, que conclui: “Eu não consegui dar uma joia para ela lá atrás, mas me senti dando um tesouro porque a vida é um tesouro precioso que a gente tem”.

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