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No dia 30 de janeiro, Donald Trump fez seu primeiro Discurso do Estado da União – o discurso anual no qual o presidente dos Estados Unidos analisa a situação do país e apresenta suas propostas legislativas ao Congresso. E um dos momentos mais emocionantes do evento foi quando Trump mencionou a história de Ji Seong-ho, um jovem desertor norte-coreano que sofreu múltiplas amputações durante a infância, enquanto tentava sobreviver. O jovem estava presente no Congresso, como convidado especial do presidente.

“A história de Seong-ho é um testemunho do desejo de cada alma humana de viver em liberdade”, destacou Trump. Em meados dos anos 1990, a Coreia do Norte foi assolada por um período de fome. O pai de Seong-ho era membro do partido governante, mas ainda assim não havia alimento em sua casa. A família sobreviveu comendo folhas, raízes e até mesmo roubando sementes que os ratos escondiam.

Em vez de ir para a escola, Seong-ho passava o dia tentando roubar carvão dos vagões dos trens para trocá-lo por comida nas feiras. Um dia, em 1996, quando ele tinha 13 anos, desmaiou de fome e caiu entre dois vagões. O trem arrancou e Seong-ho teve o pé e a mão esquerdos amputados. A operação durou mais de quatro horas – sem anestesia. “Minha mãe ainda se lembra dos meus gritos. Foi duro para ela passar por aquilo”, lembrou o jovem em uma entrevista ao The Guardian em 2014.

Conheça a jovem norte-coreana que emocionou milhões com a história de sua fuga

Quando seu pai o viu após o acidente, mudou radicalmente a sua forma de pensar, considerando-se culpado pelo que havia acontecido com o filho. Pediu desculpas inúmeras vezes a Seong-ho. “Ele se deu conta, finalmente, de que era mais importante salvar a sua família do que o partido”, contou o jovem. “E eu me dei conta de que não foi culpa do meu pai, mas sim do regime norte-coreano, por não cuidar do povo”.

Fuga

Anos depois, Seong-ho decidiu fugir do país para buscar comida, de muletas, atravessando as montanhas para chegar à China. Ao voltar, foi detido e torturado pelas autoridades norte-coreanas. “Foi quando me dei conta de que essa era uma terra na qual eu jamais queria permanecer. Queria ir para um lugar onde me tratassem como um ser humano, fosse a Coreia do Sul ou qualquer outro lugar”, relatou.

Foi assim que, em 2006, Seong-ho decidiu desertar. Atravessou centenas de quilômetros, ainda de muletas, e quase morreu afogado no rio Tumen, que divide a China e a Coreia do Norte. Conseguiu, no entanto, sobreviver e se reuniu com parte de sua família em Seul, onde vive até hoje. O seu pai também tentou fugir, mas foi pego e torturado até a morte.

Na Coreia do Sul, Seong-ho fundou a ONG Now, Action, Unity, Human Rights (NAUH), para ajudar os norte-coreanos que também desertaram e tornar conhecida a dramática situação do seu país. O jovem faz conferências e é um conhecido ativista pelos direitos humanos.

“Hoje, ele tem uma perna nova. Mas, Seong-ho, eu entendo que você conserva essas velhas muletas como uma lembrança de quão longe você chegou”, disse Trump no discurso. “O seu grande sacrifício é uma inspiração para nós”. Emocionado, Seong-ho foi ovacionado e levantou, vitorioso, suas muletas de madeira.

 

Com informações de BBC.

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