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Em um dia de 2009, o pastor Jorge Santos, da Primeira Igreja do Evangelho Quadrangular de Curitiba, encontrou pelas ruas uma senhora que estava perdida. Portadora da doença de Alzheimer, ela não sabia onde era a sua casa. Depois de tentar encontrar a sua família, Jorge a levou para um albergue mantido pela Prefeitura de Curitiba. Foi aí que tudo mudou e o episódio se tornou a inspiração para uma iniciativa que há dez anos dá uma vida digna a pessoas que antes viviam em situação de rua: o Projeto Gadareno.

“Lá no albergue encontrei pessoas muitos carentes em todos os sentidos. Lembrei-me então de uma passagem a respeito de Jesus: ‘Vendo ele as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não têm pastor (Mt 9:36)’”, conta o pastor. Foi assim que Jorge se sentiu chamado a concretizar o projeto, que surgiu logo depois, em janeiro de 2010, com sete voluntários – hoje são mais de 60.

“Entendo que quando vamos até aos pobres e necessitados, praticamos a vontade de Deus”, diz Jorge, que faz questão de ressaltar que há mais de cem versículos na Bíblia em que Deus pede que os pobres sejam tratados como justiça. “Vemos isso em Tiago 1:27: ‘A religião que Deus, o nosso Pai, aceita como pura e imaculada é esta: cuidar dos órfãos e das viúvas em suas dificuldades e não se deixar corromper pelo mundo’”.

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“A proposta é sair para levar um lanche e principalmente atenção, amor e carinho para aqueles que perderam quase tudo em suas vidas e foram parar nas ruas”, explica Jorge. “Em todo esse tempo em que temos atendido as pessoas em situação de rua, não encontrei ninguém que tivesse nascido nas ruas. Elas tinham sonhos em sua infância, pensavam num lar, família, profissão. Nenhuma delas, nem em seus piores pesadelos, pensou que um dia as ruas se tornariam a sua casa”.

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Proposta

A cada duas semanas, membros da Primeira Igreja do Evangelho Quadrangular percorrem a região central da capital paranaense na madrugada de sábado para domingo para levar alimento, calor e atenção a quem vive nas ruas. Além disso, em toda tarde de sábado o projeto envia voluntários às unidades do Centro POP, local onde as pessoas que estão em situação de rua passam o dia. O projeto também colabora com a Prefeitura nas operações de inverno. Mas não é só isso.

“Temos um programa que chamamos de 40D, em que algumas pessoas que estão em situação de rua e ficam por 40 dias sem utilizar drogas – sendo acompanhadas diariamente por voluntários do projeto – são depois acolhidas numa república, onde iniciam um processo de reintegração à sociedade”, conta Jorge. “Creio que o nosso diferencial é pensarmos como quem está adotando um filho: estamos sempre pensando na próxima etapa da vida deles”.

Assim, o Projeto Gadareno se desenvolve ao longo de várias etapas, tendo como objetivo final que a pessoa deixe a situação de rua e se reintegre à sociedade, com um lar, uma formação profissional e um emprego, restaurando a sua qualidade de vida – ao mesmo tempo em que segue atendendo em suas necessidades básicas aqueles que ainda não se sentem prontos para dar mais um passo.