A falta de interesse nos próprios objetivos pessoais pode acarretar na tomada de decisão por terceiros, de algo que é de sua intimidade.
Reconhecer as mudanças que dependem de si e entender que o investimento para isso é sua responsabilidade, é o primeiro passo para se realizar um objetivo.| Foto: Bigstock

“Não consigo a promoção que almejo no trabalho!” disse o empregado que não busca uma especialização profissional. Ou: “não consigo emagrecer!” disse alguém que não tem hábitos saudáveis desde a adolescência. Assim como nos exemplos, acreditar que você só não alcança determinado objetivo, porque sempre existe "O" empecilho ( que muitas vezes é colocado por você mesmo), pode não ser o motivo certo para tanto.

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Ocorre que muitas vezes, ainda que se tenha a ferramenta necessária para alcançar o que se almeja, alguém pode não atingir seu objetivo por falta de um fator intrínseco e não externo: a autorresponsabilidade. “Não assumir a responsabilidade pela situação que está vivendo pode ser arriscado, pois a pessoa pode acabar a mercê do desejo do outro”, alerta a psicopedagoga Vanessa J. Monti Chavez.

Ela explica, também, que a falta de interesse nos próprios projetos e objetivos pessoais, sejam profissionais ou familiares, pode acarretar na tomada de decisão por terceiros em questões como salário, até sobre quem será seu parceiro ou se terá ou não filhos.

Por isso, assumir a responsabilidade pelas próprias escolhas e atitudes, entendendo como isso impactará na própria vida e na dos outros é de suma importância, principalmente para o desenvolvimento pessoal. “Alguém só é capaz de desafiar-se a propósitos e objetivos diferenciados, inclusive buscar a se tornar uma pessoa melhor com novas habilidades, quando deixa de terceirizar a responsabilidade da sua vida, assumindo-a para si”, acrescenta ela, que também é psicóloga especialista em desenvolvimento de grupos e trânsito.

Autoconhecimento pode ser a chave

E o segredo para alcançar essa responsabilidade está no autoconhecimento, explica a psicóloga Ana Flávia Oliveira Souza. “Por meio do livre arbítrio, saber identificar o que é prioridade para si, bem como as coisas que se tem ou não controle, contribui para gerar a responsabilidade necessária para buscar o que se deseja”.

Muitas vezes, a falta de autoconhecimento também pode desencadear uma imaturidade emocional que prefere delegar aos outros, do que assumir suas escolhas. “Assumir o erro e a imperfeição demanda um nível de humildade que nem todos têm, já que impacta diretamente na autoestima daquele que precisa ser responsabilizado”, destaca ela.

Conhecendo as próprias qualidades, defeitos, potencias e capacidades a serem desenvolvidas, as escolhas tomarão novas formas de serem decididas, destaca Ana Flávia. Afinal, toda escolha acarreta numa consequência, positiva ou negativa, que pode direcionar todo o rumo da vida daquele que a faz. “E quando alguém se conhece e consegue assumir as responsabilidades pelas suas escolhas, torna mais fácil visualizar o passado e o futuro, analisando o que se pode ou não mudar para alcançar seus objetivos”.

Contudo, atenção: responsabilidade é diferente de culpa, alerta Ana Flávia. “Precisamos nos responsabilizar pela forma com que orientamos nossa vida e pelas nossas decisões, mas também temos que entender que as escolhas dos outros, ainda que impactem na nossa vida, não podem ser assumidas por nós mesmos”.

Às vezes o sabotador pode estar dentro de nós

“Não sou bom em nada”, “nada vai mudar fulano...é assim mesmo” e “não adianta falar nada” são algumas das frases que provavelmente já ouvimos alguém falar. Porém, além de generalizarem as situações, são afirmativas sem perspectiva de mudanças, explica Vanessa. “Quando se diz ‘não sou bom em nada’ a autoestima da pessoa pode estar vinculada a isso. Assim como, quando se fala sobre o parceiro, há uma conformidade com a situação, sem qualquer reflexão de auxílio para mudá-la”, acrescenta.

Ao buscar romper com o cotidiano e buscar um novo estilo de vida, Ana Flávia conta que, através da ansiedade, muitos acabam se autossabotando e procrastinando as condutas que devem ser tomadas, culpabilizando fatores externos, como a falta de tempo, dinheiro e até mesmo outra pessoa. “Quando se exige uma mudança de estilo de vida, principalmente para enxergar as coisas com outra percepção, muitos acabam focando no negativo, ficando acomodados à realidade que já tem”, diz a psicóloga.

Porém, ainda que vários fatores influenciem na execução ou não de um projeto, é necessário que cada um pense em formas de superar as dificuldades através do comprometimento. “Se é algo positivo e a pessoa consegue dar conta, é importante se comprometer com a decisão, ir atrás e buscar fazer todo o possível para alcançar”, acrescenta Ana.

Mãos à obra

Reconhecer as mudanças que dependem de si e saber que o investimento de energia, financeiro ou de tempo que as envolve, também são de sua própria responsabilidade, é o primeiro passo para se realizar aquilo que só você pode fazer: dar sentido e objetivo para a própria vida.

Por isso, para assumir as rédeas da própria vida, as especialistas sugerem algumas práticas:

  • Autoconhecer-se
  • Observar-se sempre
  • Pedir feedback aos que convivem com você, inclusive críticas que possibilitem o crescimento
  • Escolher o que se deseja
  • Construir um plano para alcançar o que deseja,
  • Buscar ter projetos e objetivos reais.
  • Ter humildade e assumir os próprios erros
  • Buscar ajuda terapêutica, se necessário.
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