Os profissionais e voluntários dos setores de humanização dos hospitais desempenham um importante papel na recuperação de pacientes.
Desde 2016, pelo menos três vezes por semana, os corredores e quartos dos hospital Cajuru e Marcelino Champagnat, em Curitiba, recebem músicos e palhaços.| Foto: Divulgação/Hospital Marcelino Champagnat

Ficar internado em um hospital é algo que ninguém deseja. Não importa o motivo. Só que muitas vezes isso é inevitável e, para muitos pacientes, é um período de sofrimento. Seja pelo que os levou ao hospital, seja pelo fato de estarem se sentindo sozinhos, ou até pelo ambiente em si. O fato é que até os profissionais de saúde precisam lidar com uma série de emoções que, especialmente neste último ano, têm estado mais afloradas do que de costume.

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Para tentar amenizar um pouco a rotina de pacientes e funcionários, locais como o Hospital Marcelino Champagnat e o Hospital Universitário Cajuru, em Curitiba, realizam atividades diversas. Sidnei Evangelista, psicólogo que faz parte da Pastoral desses hospitais, explica que desde 2016, pelo menos três vezes por semana, os corredores e quartos são invadidos pelo som da música ou da brincadeira de palhaços.

O setor de humanização e voluntariado reúne trabalhadores dos hospitais e pessoas da comunidade que fazem questão de participar. “A gente aborda o paciente pra saber que tipo de música ele gosta. Aí trazemos essa música para estabelecer um vínculo e fazer com que ele se sinta mais acolhido”, diz Sidnei.

Caroline Santos de Oliveira, recepcionista, sabe bem o que é sentir a angústia de estar longe de quem ama. A cirurgia para retirada da vesícula teve complicações e ela precisou ficar mais tempo internada do que o previsto, longe do bebê, de apenas 3 meses. “Nas outras internações eu tive crise de ansiedade de saudade do meu filho. Dessa última vez, foi muito importante porque a música me ajudou muito”, conta ela.

Um pouco mais leve

Outro aspecto que aproxima pacientes de funcionários é a possibilidade de atendimentos mais descontraídos. Bruna Endy Gasparin é fisioterapeuta da Unidade de Terapia Intensiva (UTI), do Hospital Marcelino Champagnat, e ressalta a fragilidade de quem está internado. “A pessoa sai da atividade diária para um leito de UTI. Impacta muito na força muscular e parte circulatória”, destaca. O trabalho dela é ajudar essas pessoas com as caminhadas para, quando receberem alta, conseguirem realizar novamente as atividades rotineiras.

Só que pacientes que estão na UTI não têm acesso a meias ou sapatos, pois passam a maior parte do dia acamados. A Bruna utiliza um sapato de proteção para que eles façam os exercícios fora do leito e customiza, como se fossem chuteiras de jogadores famosos. Ela revela que a brincadeira boba faz toda a diferença naquele momento. “É pra deixar o ambiente mais leve. Tanto para nós como para eles que estão cansados de estar na UTI”, afirma e completa: “Quando a gente faz essas brincadeiras eles ficam com mais vontade de fazer a terapia”.

Sidnei reforça que essas atitudes simples, em muitos casos, não alteram o estado clínico a ponto de proporcionar a recuperação imediata de ninguém, mas o aspecto emocional é essencial para o sucesso do tratamento. “Fortalece a espiritualidade do paciente, não falando só de religiosidade. Eles aceitam melhor aquele sofrimento e buscam uma resposta melhor”, ensina o psicólogo. Esse resgate de autoestima e identidade é o que fortalece a saúde emocional, garantindo um período de menos sofrimento e mais humanidade a pacientes e trabalhadores da área da saúde.

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