Fotos: Reprodução/Facebook
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Com três filhos e o marido desempregado devido à crise causada pela Covid-19, a paulista Solange Lima não sabia como alimentar as crianças ou pagar suas contas do mês. “Meu marido trabalha em feiras, mas todas foram canceladas por causa da pandemia”, conta a mulher, que começou a racionar o alimento disponível na geladeira e a lidar diariamente com cobranças do aluguel. “A dona disse que eu teria que desocupar a casa e entrei em pânico por causa das crianças. Foi aí que decidi pedir ajuda no grupo Boleto+1”.

A página foi criada no último dia 16 de março por cinco amigas do Rio Grande do Sul, e tem o objetivo de ajudar mulheres autônomas ou donas de casa que estejam com dificuldades financeiras devido aos procedimentos de prevenção ao novo coronavírus. “Fiquei sabendo da ideia e, então, comprei comida com o valor que eu tinha e postei a conta do meu aluguel nesse grupo”, relata Solange, que repetiu a publicação três vezes para que mais pessoas pudessem ver. “Até que dois anjos me ajudaram”, comemora a moradora do município de Suzano, emocionada.

“Quando as coisas melhorarem, vou voltar no grupo para ajudar alguém da mesma forma que fui ajudada”, promete. “Isso porque sei como é difícil ver tudo desandar e não saber o que fazer, ver seu filho pedir uma bolacha e não ter nada para dar”.

Assim como ela, mais de 250 mulheres também tiveram algum boleto pago por doadores voluntários desde o lançamento da iniciativa. “Fora ajudas com cestas básicas e itens de primeira necessidade”, afirma a fotógrafa e administradora da página, Lívia Pasqual. Segundo a moradora de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, essa iniciativa surgiu após conversar com uma amiga – a professora universitária Janaína Kremer – e perceber como o distanciamento social afetaria a renda das mulheres em todo o país.

Por isso, pensaram juntas em como unir pessoas que precisassem de doações àquelas que poderiam contribuir financeiramente, estabeleceram regras para que o grupo funcionasse e começaram a acompanhar, de perto, todas as postagens. “Cada pessoa só pode pedir ajuda para um boleto e, se ela também precisa de doações para comprar comida, gás ou fraldas, sugerimos que o doador faça a transferência no valor máximo de R$ 30”, orienta. “Dessa forma, é possível ajudar mais pessoas”.

Além disso, quando a soma das transferências chega a R$ 120, as administradoras marcam a publicação como “pedido resolvido”, desabilitam comentários e passam a ajudar outra solicitante. “Lembrando que tomamos o cuidado de excluir perfis falsos ou suspeitos, principalmente a partir de denúncias”, explica Lívia, admirada com o grande número de doações intermediadas e, como resultado, com as demonstrações de gratidão postadas diariamente na página.

“Quero deixar aqui meu sincero agradecimento por aliviarem minhas despesas e desejo que todas as pessoas do grupo consigam resolver seus problemas”, escreveu a vendedora Ieri Castro. E eu “agradeço a todos que me ajudaram, porque hoje minha luz e água estão pagas, graças à demonstração de amor de vocês”, completou Joana Souza.

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