McClure e Bobbitt na foto usada na plataforma de financiamento coletivo em que o golpe ocorreu. Divulgação
McClure e Bobbitt na foto usada na plataforma de financiamento coletivo em que o golpe ocorreu. Divulgação| Foto:

Uma história comovente gerou uma onda de solidariedade que envolveu 14 mil pessoas e levantou 400 mil dólares – o equivalente a 1,5 milhão de reais – em favor de um morador de rua. O problema é que a história não passou de uma farsa e a campanha, um golpe orquestrado por um casal com a ajuda do sem-teto.

A história começou em novembro de 2017, quando o casal norte-americano Kate McClure e Mark D’Amico lançou uma campanha de arrecadação em favor de Johnny Bobbitt. Segundo o casal, o morador de rua teria gasto seus únicos 20 dólares para ajudá-los, depois de eles terem ficado sem gasolina no meio de uma rodovia na Filadélfia.

A imagem da campanha era uma foto de McClure ao lado de Bobbitt, um veterano de guerra viciado em drogas que vivia há vários anos nas ruas. O golpe saiu melhor que a encomenda: a meta de 10 mil dólares foi ultrapassada e o casal arrecadou 400 mil dólares.

Com o dinheiro, McClure e D’Amico afirmaram ter comprado roupas e um trailer para Bobbitt. Além disso, avisaram aos doadores que depositariam o restante em duas instituições financeiras e que usariam uma parte para contratar um advogado e um consultor financeiro para auxiliar Bobbitt a administrar o fundo.

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Em agosto, porém, aconteceu a primeira reviravolta: Bobbitt entrou com um processo contra o casal, afirmando que eles estavam usando o dinheiro como uma reserva pessoal para bancar um estilo de vida extravagante. Segundo o promotor do caso, Scott Coffina, Bobbitt ficou com cerca de 75 mil dólares – menos de 20% do total –, enquanto o casal gastou a sua parte em um carro, viagens, bolsas de luxo e apostas em cassinos.

Agora, porém, Bobbitt sequer está na posição de vítima, embora o promotor tenha em conta sua posição de vulnerabilidade. De acordo com os investigadores, o trio todo inventou a história para comover as pessoas e convencê-las a contribuir com a causa. Eles acreditam que a foto usada na campanha foi encenada e que teria sido tirada em um cassino, que McClure e D’Amico frequentavam e por onde Bobbitt costumava perambular.

Milhares de mensagens de texto às quais a polícia teve acesso mostram que McClure e D’Amico estavam com problemas financeiros e não conseguiam pagar suas dívidas. D’Amico afirmava que esperava conseguir ainda mais dinheiro publicando um livro sobre a história.

Agora, os três enfrentam acusações de estelionato e conspiração e, se forem condenados, podem receber penas que variam de 5 a 10 anos de prisão. Bobbit permanece sob custódia, mas o casal aguarda o julgamento, marcado para 24 de dezembro, em liberdade. Já a plataforma online Go Fund Me, usada para arrecadar a verba, confirmou que os doadores vão receber o dinheiro de volta.

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