Não há nenhuma comprovação científica a respeito de remédios ou alimentos específicos que previnam ou tratem o novo coronavírus
São Paulo vai gastar R$ 30 milhões no combate ao coronavírus| Foto: Bigstock

Com sintomas semelhantes aos de uma gripe comum, mas que podem evoluir para síndrome respiratória grave, insuficiência renal e morte, o novo coronavírus – que surgiu em dezembro de 2019 na China e já infectou mais de 6 mil pessoas – têm preocupado o mundo inteiro. Com isso, diversas mensagens falsas a respeito de receitas caseiras que tratam a doença já são transmitidas pelas redes sociais e encaminhadas a amigos e familiares.

Em uma delas, por exemplo, é dito que o diretor do Hospital das Clínicas de São Paulo estaria preocupado com o novo vírus e indicaria a ingestão de fígado de boi, sucos de acerola, de laranja e chá de erva-doce para evitar a nova doença. No entanto, a instituição desmentiu essas informações e não há nenhuma comprovação científica a respeito de remédios ou alimentos específicos que previnam ou tratem o novo coronavírus.

A Sociedade Brasileira de Infectologia, inclusive, informa que a epidemia é muito recente e, por isso, ainda não existe medicamento eficaz para seu tratamento. Por enquanto, os casos confirmados na China e as primeiras manifestações da enfermidade em outras áreas da Ásia, América do Norte e Europa utilizam apenas remédios para aliviar os sintomas, e os pacientes são orientados a repousar e ingerir líquidos para evitar agravamento do quadro.

Com isso, a maneira mais eficaz de tratar esse problema de saúde é evitá-lo por meio de atitudes simples colocadas em prática no dia a dia. De acordo com a médica infectologista Nicole Luize Bremer, do Hospital Santa Cruz, em Curitiba, o primeiro passo é reforçar a higiene das mãos com o uso frequente do álcool em gel e evitar tocar nos olhos, boca ou nariz.

“Isso porque ainda não sabemos ao certo o grau de transmissão de uma pessoa para outra, mas já percebemos que é grande”, pontuou a especialista, ao citar o rápido crescimento no número de casos na China. “Em apenas uma semana, esse número praticamente triplicou”, disse.

Segundo um mapa online desenvolvido pelos Estados Unidos para acompanhar a evolução da epidemia, até o início da tarde desta quarta-feira, 29, o vírus já havia infectado ao menos 6.057 pessoas e deixado 132 vítimas fatais. Desse total de pacientes, 98% estão concentrados na China e não há nenhuma vítima confirmada no Brasil. “Tivemos apenas alguns casos suspeitos aqui, mas devemos reforçar as medidas de cuidados mesmo assim”, aponta Nicole.

“Tivemos apenas alguns casos suspeitos aqui, mas devemos reforçar as medidas de cuidados mesmo assim”, aponta Nicole.

De acordo com a médica brasileira, pessoas que visitaram a China nos últimos 15 dias ou que têm contato com pessoas que passaram pelo país asiático neste período devem permanecer atentas e buscar atendimento médico na unidade de saúde se apresentar febre, coriza, tosse ou falta de ar. “Lembrando que algumas pessoas podem ter contato com o vírus e não desenvolver a doença, mas há possibilidade de que elas transmitam a outras”, alerta.

Além disso, a infectologista ressalta a importância de sempre cobrir o nariz e a boca ao tossir para evitar a transmissão desse e de outros vírus, como o H1N1, e de buscar informações técnicas em veículos de comunicação de credibilidade ou em instituições oficiais, como o Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS). “Este não é o momento de nos atermos a receitas caseiras ou recomendações populares que não são comprovadas cientificamente”, aponta. “Busque informações oficiais e desencoraje, ao máximo, os boatos que encontrar por aí”, solicita.

Saiba mais a respeito do novo coronavírus

Abaixo estão algumas perguntas e respostas desenvolvidas pela Sociedade Brasileira de Infectologia para sanar as principais dúvidas a respeito da epidemia. São elas:

O coronavirus é um novo tipo de gripe?
Não, porque gripe é uma infecção respiratória causada pelo vírus influenza.

Qual é o período de incubação desta nova variante do coronavírus?
Ainda não há uma informação exata, mas o tempo de exposição ao vírus e o início dos sintomas varia de 2 a 14 dias, de acordo com o Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC). Já a Organização Mundial da Saúde (MS) estima que o período seja de 2 a 10 dias.

Quais são os sintomas de uma pessoa infectada por um coronavírus?
Há casos de infecções de vias aéreas semelhante ao resfriado, casos graves com pneumonia e insuficiência respiratória aguda, e ainda pacientes que não apesentam sintomas. Crianças, idosos e pacientes com baixa imunidade podem apresentar manifestações mais graves.

Como é feita a confirmação do diagnóstico do novo coronavírus?
Exames laboratoriais realizados por biologia molecular identificam o material genético do vírus em secreções respiratórias.

Existe tratamento para o novo coronavírus?
Não há um medicamento específico. Indica-se repouso e ingestão de líquidos, além de medidas para aliviar os sintomas, como analgésicos e antitérmicos.

Como reduzir o risco de infecção pelo novo coronavírus? Evitar contato com pessoas que apresentem infecções respiratórias agudas; lavar frequentemente as mãos, especialmente após contato direto com pessoas doentes e, no caso de não haver água e sabão, é recomendado utilizar o álcool 70%; usar lenço descartável para higiene nasal; cobrir nariz e boca ao espirrar ou tossir; evitar tocar nas mucosas dos olhos; higienizar as mãos após tossir ou espirrar; não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas; manter os ambientes bem ventilados; evitar contato próximo com animais selvagens e animais doentes em fazendas ou criações.

Existe vacina para o novo coronavírus?
Como a doença é nova, não há vacina até o momento.

Tomei a vacina contra a gripe. Estou protegido contra o novo coronavírus?
Não. A vacina da gripe protege somente contra o vírus influenza.

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