Aplicativo desenvolvido para smartphones avalia o som da tosse da pessoa infectada e registra a probabilidade de ser Covid-19.| Foto: Bigstock
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Um aplicativo para smartphones que usa algoritmo de inteligência artificial pode ajudar nos diagnósticos futuros da Covid-19. Com precisão entre 80% a 85% – e com testes clínicos sendo feitos no Brasil –, o app avalia o som da tosse da pessoa infectada e busca por um padrão característico da infecção pelo Sars-CoV-2.

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Pessoas com Covid-19 tendem a tossir de forma semelhante, segundo Amil Khanzada, fundador da organização internacional sem fins lucrativos Virufy, que é a desenvolvedora do aplicativo. Khanzada percebeu esse padrão no som da tosse juntamente com pesquisadores da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, e juntos chegaram ao aplicativo.

Os testes clínicos que avaliam a precisão do app estão sendo conduzidos no Brasil, no Hospital Regional Hans Dieter Schmidt, em Joinville, Santa Catarina. A entidade, porém, está em negociações com outros hospitais, em outras regiões do país, para ampliar os estudos, segundo informações da Agência Brasil. A expectativa é que os estudos clínicos sejam conduzidos nos próximos dois a três meses.

"Como a empresa não tem fins lucrativos, a ideia é disponibilizar esse aplicativo de forma gratuita, para facilitar na detecção (da doença) por meio somente do som da tosse", de acordo com Soraya Cavalcanti, gerente da Virufy, em entrevista à Agência Brasil.

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App "aprende" com o som da tosse

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Para conseguir detectar com exatidão qual tosse está relacionada à Covid-19, milhares de testes com tosses de pessoas da América Latina, Europa e Ásia foram conduzidos. A partir do algoritmo de "machine learning" [aprendizado de máquina, método de análise de dados que automatiza a construção de modelos analíticos], o app aprende a diferenciar as características das tosses causadas pelo Sars-CoV-2, das tosses com outras causas.

Os desenvolvedores apontam que o app tem uma precisão de 80% a 85%. "Quanto mais tosses forem doadas, maior a probabilidade de acerto desse algoritmo. A tendência é que, com a expansão dessa testagem clínica, esse número suba e, aí, a assertividade dele fique cada vez maior", explica Soraya para a Agência Brasil.

De acordo com Cavalcanti, a entidade considera o aplicativo uma ferramenta de auxílio ao diagnóstico, a fim de entender a probabilidade do contágio. No caso de o resultado indicar uma probabilidade alta, a pessoa pode seguir ao isolamento e procurar atendimento médico. Se for baixa, monitoram-se os sintomas e se faz nova testagem.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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Como participar?

O projeto se divide em duas partes, no Brasil. O primeiro é a coleta de sons de tosses de pessoas que apresentem sintomas semelhantes aos da Covid-19, por meio deste site.

Esses sons ajudarão a treinar o algoritmo para identificar os que são decorrentes da Covid-19, dos que são decorrentes de outras causas. A segunda parte do projeto será em aplicar esse conhecimento em uma pesquisa clínica, com pacientes reais, com Covid-19 ou sem.

"Quando um paciente for ao Hospital Regional Hans Dieter Schmidt, em Joinville, para fazer o [exame de] PCR, será convidado a participar da pesquisa e tossir num celular. Coletaremos esses dados de exames PCR e tosse e cruzaremos os dados", explica Diego Carvalho, coordenador responsável pelos testes clínicos, à Agência Brasil.

A ideia é que dois mil pacientes componham a pesquisa, para chegar a um índice de precisão acima de 85%.