Muitas doenças que atacam severamente a saúde ocular infantil podem ser evitadas com o diagnóstico precoce.
Muitas doenças que atacam severamente a saúde ocular infantil podem ser evitadas com o diagnóstico precoce.| Foto: Chayene Rafaela/Unsplash

Quando pensamos no bem-estar das crianças, a saúde ocular infantil não costuma ser a primeira coisa que vem à cabeça. No entanto, essa área precisa de atenção. Isso porque muitas doenças que podem causar danos severos à visão podem ser evitadas com um diagnóstico precoce nas consultas com oftalmologistas.

“Segundo a Organização Mundial da Saúde, a maior parte dos casos de cegueira ou déficit visual em crianças estão relacionados a doenças preveníveis e tratáveis, ou seja, poderiam ter sido evitadas e tratadas com pré-natal bem feito e diagnóstico rápido – como a toxoplasmose”, afirma Pérola Grupenmacher Iankilevich, médica responsável pelo Serviço de Oftalmologia do Hospital Pequeno Príncipe.

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Por isso, o cuidado com a saúde ocular infantil começa cedo: antes ainda de receber alta da maternidade, a criança passa obrigatoriamente pelo teste do olhinho, que verifica a transparência do meio ocular e já é capaz, por exemplo, de identificar casos de catarata congênita. E o acompanhamento segue, porque ao longo das diversas fases da infância, uma série de problemas de saúde ocular podem se manifestar.

Nas crianças mais novas, de até 1 ano de idade, são muito comuns as alterações de canal lacrimal, que não acarretam baixa visão, mas necessitam de tratamento porque trazem muito incômodo. Já na primeira infância, a atenção se volta aos casos de estrabismo. De acordo com Pérola, até os 6 meses de vida episódios de estrabismo não indicam qualquer anormalidade. A partir daí, esses episódios podem ser motivos de preocupação e a consulta oftalmológica é indicada. Já se a criança nasce com estrabismo fixo, deve-se começar o tratamento o quanto antes.

Em relação aos casos de vícios de refração, isto é, as condições que exigem o uso de óculos, a hipermetropia é mais comum até por volta dos 7 ou 8 anos, quando a miopia passa a predominar. “Não sabemos a porcentagem exata porque não há estudos, mas acima dos 12 anos eu diria que 50% a 60% dos adolescentes são míopes”, afirma Pérola, ressaltando que o uso intensivo de smartphones e tablets trouxe uma mudança para esta geração em relação às anteriores – uma questão a que os pais devem estar atentos.

Quando consultar

Segundo Dayane Issaho, oftalmopediatra do Hospital de Olhos do Paraná, a recomendação é de que a primeira consulta oftalmológica da criança seja entre os 6 e os 12 meses de vida, mesmo que não haja queixas ou qualquer sinal que indique preocupação. “Nessa idade, em um exame oftalmológico com dilatação das pupilas, é possível quantificar o quanto a criança enxerga e verificar se existe algum erro refrativo ou alguma má-formação ou alteração no fundo do olho”, explica a médica.

De acordo com ela, depois dessa primeira consulta, caso esteja tudo bem, o indicado é fazer uma nova consulta entre 2 e 3 anos de idade e uma terceira avaliação entre os 5 e os 6 anos – na idade da alfabetização. “As crianças, na maioria das vezes, quando apresentam algum tipo de alteração visual, não manifestam essas dificuldades. Daí a importância do exame de rotina”, afirma Dayane.

Pais e professores, porém, devem estar atentos a alguns sinais, segundo a médica. Se a criança força os olhos para enxergar algo que está longe, como a lousa da sala de aula, ou se se aproxima demais de tevês, tablets e livros para conseguir enxergar, é fundamental levá-la a uma consulta oftalmológica o mais breve possível. O mesmo vale para dores de cabeça frequentes, fotossensibilidade, piscadas excessivas e dificuldades de aprendizado e de concentração.

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