Se não tratada, a diástase abdominal pode acarretar em incontinência urinária, dores na região lombar e hérnia de disco
Se não tratado, o problema pode acarretar em incontinência urinária, dores na região lombar e hérnia de disco.| Foto: Bigstock

Flacidez na barriga e dores nas costas são queixas comuns após a gestação, principalmente no pós-parto. Mas é preciso atenção a esses sintomas, porque eles podem indicar diástase abdominal, que é o afastamento dos músculos e do tecido conjuntivo nesta região. Se não tratado ele ocasiona uma série de transtornos. A boa notícia é que ele tem solução.

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Foi o que aconteceu com a cirurgiã dentista Roberta Zanicotti que, depois de três gestações e uma hérnia umbilical, ouviu de um médico que deveria fazer uma abdominoplastia para que a barriga voltasse ao normal. Ela, porém, não se conformou com a indicação de cirurgia. “Fiquei apavorada pois tive os três filhos por parto normal e não queria ter que abrir a barriga para fazer uma plástica”, afirma. Foi então que ela procurou a fisioterapia.

Segundo Maria Augusta Heim, fisioterapeuta especialista em saúde da mulher e doutoranda em tocoginecologia pela Unicamp, que cuidou de Roberta, o tratamento da diástase abdominal é realizado após uma avaliação minuciosa, com exercícios individualizados para a região. E ela não ocorre somente com as grávidas, mas também pode aparecer por conta da obesidade e da prática de exercícios que aumentem muito a pressão intra-abdominal.

Na gestação, se não houver a prevenção, esse afastamento dos músculos vai acontecer inevitavelmente, por conta do aumento do tamanho do útero, para acomodar o bebê. A preocupação, quanto à condição, se dá ao perceber que esse afastamento é muito grande, quando passa de 3 centímetros (ou o tamanho de dois dedos juntos).

Como identificar

A diástase é identificada, normalmente, por uma saliência no abdômen ou um abaulamento na região, quando alguns exercícios, como os abdominais convencionais, por exemplo, são praticados. “É possível perceber a diástase fazendo uma apalpação da região que fica embaixo da costela até a região da sínfise púbica”, destaca.

Uma maneira de se autoavaliar é deitar no chão, com as pernas flexionadas, e colocar a mão na linha média do abdômen, logo acima do umbigo. Posteriormente, como se fosse fazer um exercício abdominal, levante a cabeça e o tronco, fazendo pressão sobre o local. Se houver uma lacuna entre o músculo, essa pode ser considerada diástase.

Essa autoavaliação pode ser feita tanto durante a gestação como depois, do mesmo jeito. Entretanto, claro, o diagnóstico final deve ser feito por um especialista.

Prevenção

Os músculos da barriga protegem a coluna e se estão fracos, sobrecarregam as costas. Se não tratado esse afastamento muscular pode acarretar em incontinência urinária, dores na região lombar, com risco de desenvolver hérnia de disco, e ocasionar até o prolapso de órgãos pélvicos, como o que se chama popularmente de bexiga caída.

E o aparecimento da diástase está ligado aos hábitos da mulher mesmo antes da gestação. A musculatura que é exercitada antes da gravidez tem uma maior capacidade de extensão, reduzindo as chances do afastamento das fibras. Má postura também interfere nessa musculatura por isso desde os primeiros exames do pré-natal a gestante deve se informar a respeito, para manter hábitos saudáveis.

Tratamento

A duração do tratamento varia conforme o tamanho da diástase, pois é preciso promover a união das fibras musculares. No caso de Roberta, ela iniciou o processo com um fisioterapeuta especializado, logo após o nascimento do terceiro filho, hoje com 3 anos.

“Visualmente a barriga fica muito feia e então me empenhei para fechar a diástase. Fiz muitos exercícios em casa mesmo sob orientação da fisioterapeuta”, explica. Em 2019 a dentista repetiu a ecografia abdominal e constatou que não tem mais o afastamento. Hoje ela já voltou ao peso normal, pratica musculação e constantemente faz exercícios específicos para fortalecer a região abdominal.

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