Exercícios que atuam contra a fadiga e a favor da força muscular também são necessários para uma recuperação completa| Foto: Bruno Todeschini/Divulgação
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Para os pacientes que desenvolveram formas graves da Covid-19 e tiveram de ser internados, embora a saída do hospital seja um motivo de celebração, não deve ser vista como a última etapa do tratamento.

Devido à doença, mas também aos procedimentos usados normalmente nos hospitais, como a intubação (respiração por aparelhos), é comum que os pacientes tenham sintomas de fraqueza muscular, dificuldade para engolir ou respirar, perda de peso e mesmo transtornos emocionais.

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Indica-se, então, a reabilitação, sob a orientação de diversos especialistas, como fisioterapeuta, médico fisiatra, educador físico, nutricionista, terapeuta, entre outros. A partir de uma avaliação, definem-se quais atividades que serão realizadas.

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Covid-19 e o pulmão

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Entre aqueles que foram internados por complicações da Covid-19, acreditava-se que a principal reabilitação se concentraria na parte respiratória, visto que a doença atinge, primeiramente, o pulmão. Com o passar dos meses, os profissionais da saúde perceberam que a Covid-19 era, na verdade, uma doença sistêmica, que atua em diferentes áreas do organismo, inclusive a parte neurológica.

O fisioterapeuta Pedro Henrique Deon, coordenador do Centro de Reabilitação e do Programa de Reabilitação Pós-Covid-19 da PUCRS, disse que, ao criar o programa tinha-se a ideia de que atenderia mais pacientes com questões respiratórias, mas não foi bem assim. "Quando lançamos, vimos que são pacientes mais complexos, que ficam muito tempo em UTI [Unidade de Terapia Intensiva]", explica ele, que é também professor do curso de Fisioterapia da Escola de Ciências da Saúde e da Vida.

Para os pacientes que necessitam de uma reabilitação mais voltada à respiração, algumas atividades podem ser indicadas, como o uso da esteira ergométrica, com controle da frequência cardíaca, para a recuperação da capacidade respiratória. "O paciente que fica muito tempo internado, restrito ao leito, tem fadiga, fraqueza. O treinamento deste se divide em duas etapas: de reforço muscular e treinamento respiratório", explica.

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Sequelas neurológicas

Segundo Deon, os pacientes que mais têm procurado o programa de reabilitação não se restringem a uma recuperação respiratória ou muscular. São, principalmente, os que desenvolvem problemas durante a internação, e que demandam outro enfoque.

"Há pacientes que chegam para nós e têm outras comorbidades, como uma neuropatia periférica associada, ou que no processo de internação evoluiu para um AVC [Acidente Vascular Cerebral]. Esses exigem um olhar mais individualizado, porque eles precisam de outros objetivos, além de uma recuperação da fadiga e da força muscular", explica.

Tempo de reabilitação

O período para a reabilitação varia conforme o paciente. A ideia inicial do programa criado pela PUCRS, por exemplo, prevê 20 encontros, entre avaliação, atendimentos e reavaliação. Esses encontros podem ocorrer entre duas a três vezes na semana, de acordo com a disponibilidade das pessoas, segundo Deon.

"Precisamos respeitar a resposta do paciente, também, porque no início ele cansa muito mais fácil, tem mais fadiga", explica. Pessoas com condições mais graves, como AVC, também demandam mais tempo.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]