Doação de sangue durante a pandemia: quem pode e como doar?
| Foto: Venilton Kuchler/Arquivo AEN

A Covid-19 segue avançando e causando impactos no país, inclusive na oferta de sangue nos hemocentros. Com o temor pela infecção, as restrições para ir e vir e a consequente menor circulação de pessoas nas ruas, as doações caíram.

Contudo, a demanda segue existindo e novas medidas foram tomadas para garantir a segurança dos doadores. As limitações para quem doa foram ampliadas devido ao novo coronavírus e os centros mudaram a forma de atendimento para atrair as pessoas.

Boa parte dos hemocentros do país adotou o agendamento com hora marcada para evitar aglomerações. Em alguns, a doação está condicionada ao agendamento, como nas unidades da Fundação Pró-Sangue, de São Paulo.

Em outros, como no Centro de Hematologia e Hemoterapia do Paraná (Hemepar), ainda é possível doar espontaneamente, mas o agendamento é recomendado. Pela internet, é possível agendar para as unidades de Curitiba e de Cascavel. Nas demais, deve ser feito por telefone.

"Cascavel já trabalhava com o sistema e fez os testes de reserva de poltronas, de acordo com o melhor intervalo de tempo [hoje a cada 30 minutos]. A ideia era levar a iniciativa para as demais unidades do estado neste ano, mas a pandemia acelerou o processo. Até o fim desta semana devemos estender o sistema para todas as 23 unidades", explica a diretora da rede Hemepar, Liana Andrade Labres de Souza.

Com o horários agendados online funcionando desde a última sexta-feira (20) na capital paranaense, o resultado tem sido positivo. "Na sexta, foram 24 agendamentos e apenas quatro faltas. No sábado, 38 com quatro ausentes. Porém, na segunda (23), de 38 pessoas, metade não compareceu", diz Souza, alertando que para este mês quase todos os horário já foram reservados.

"Pedimos para que as pessoas efetivamente compareçam. Caso não possam, que cancelem com até 24 horas de antecedência para abrir a vaga novamente. Mesmo se não for ocupada, pelo menos não atrapalha o atendimento da demanda espontânea", explica a diretora.

Estoque no limite

Conforme explica Liana Souza, diretora da rede Hemepar, de maneira geral, o estoque desta terça-feira (24) era para apenas um dia. "Estamos vivendo dia a dia. O ideal é ter um estoque para cinco dias", diz.

Nenhum tipo estava abaixo da necessidade, mas o sangue A negativo tinha 22 bolsas - exatamente o considerado necessário para o dia. No Hemobanco, também em Curitiba, as doações serão realizadas exclusivamente com horário agendado a partir de sábado (28). Lá, todos os estoques do tipo negativo, exceto o AB, estavam em níveis considerados críticos nesta terça (24).

O tipo sanguíneo A positivo, mesmo em estado de alerta, seria dispensado nesta terça (24) ao Hemepar, que tinha em menor quantidade ainda. "Os bancos sempre se ajudam. Ajudamos bastante Santa Catarina no pós-carnaval com centenas de bolsas de plasma devido a febre amarela. Também temos uma doadora rara com RH nulo que ajuda uma pessoa com doença falciforme em Minas Gerais. Coletamos e enviamos para lá duas vezes já", diz a diretora do Hemepar. Ou seja, sua doação não tem CEP.

Quem pode doar?

Além dos pré-requisitos tradicionais, restrições atingem pacientes infectados ou quem teve contato com pessoas que testaram positivo para o novo coronavírus, gripados e até mesmo com sintomas de resfriado:

  • Idade: ter entre 16 e 69 anos. Na rede Hemepar, por exemplo, estão impedidas doações de pessoas acima de 60 anos;
  • Peso: pesar mais de 50 kg;
  • Condições de saúde: em boas condições e alimentado; evitando alimentos gordurosos nas quatro horas que antecedem a doação e, no caso de bebidas alcoólicas, 12 horas;
  • Gripe ou resfriado: se a pessoa estiver com gripe ou resfriado, deve esperar 14 dias após melhorar dos sintomas;
  • Covid-19: quem testou positivo para a doença, não poderá doar por um período de 90 dias, após a recuperação completa;
  • Contato com Covid-19: quem teve contato nos últimos 30 dias com pessoas que apresentaram infecção pela doença são considerados inaptos por 30 dias, após o último contato com essas pessoas.

"Manifestações gripais sempre foram impeditivas, mas resfriado não. Hoje, em meio a pandemia, como não consigo definir qual é qual no momento da doação, existe essa restrição", explica Souza. Para doar também é preciso levar um documento de identidade original com foto.

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