Entre os medicamentos controlados que elevam a pressão arterial estão antidepressivos e corticosteroides.
Todo medicamento que o paciente toma, seja controlado, seja de venda livre, deve ser informado ao médico que ajuda no controle da hipertensão.| Foto: Bigstock

Um levantamento recente nos Estados Unidos mostrou que quase 20% dos hipertensos norte-americanos tomam medicamentos controlados que elevam a pressão arterial, entre eles antidepressivos, corticosteroides e estrogênios.

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O uso dessas medicações, segundo o médico e pesquisador John Vitarello afirmou durante coletiva de imprensa da sessão científica anual do American College of Cardiology, estaria impedindo que milhares de pacientes norte-americanos conseguissem controlar seus quadros hipertensivos.

O estudo se focou apenas em medicamentos controlados, deixando de fora uma série de remédios de venda livre que também interferem na pressão arterial, notadamente os anti-inflamatórios não esteroides, o que se pressupõe uma interferência ainda maior, e de outros medicamentos, na pressão arterial.

Apesar de não haver pesquisa recente similar no Brasil, é de se pressupor que o quadro não seja muito diferente. Segundo o cardiologista Abrão José Melhem, somam-se àqueles remédios alguns medicamentos digestivos com sódio na composição, que também podem ter efeito na subida da pressão arterial.

“Porém, muitos desses remédios são necessários e devem ser usados com orientação médica e com o conhecimento do cardiologista ou de quem ajuda nesse controle da pressão”, diz ele, que alerta para remédios de venda livre, sem receita, cujo uso muitas vezes o médico nem mesmo fica sabendo ao atender alguém com a pressão descontrolada.

Venda livre

Segundo Melhem, a venda livre de medicamentos como anti-inflamatorios tem alto risco de complicação, não só subindo a pressão, mas também com efeitos digestivos graves, podendo causar úlceras e gastrites e formar coágulos dentro de vasos, sendo potencialmente perigosos.

“Os idosos têm maior risco porque o metabolismo deles é mais debilitado do que dos jovens, então fígado, rins, coração e estômago são mais sensíveis, e se já usam medicamentos isso pode piorar com anti-inflamatório e antidepressivo. O idoso não deve ser medicado com venda livre, com opinião de vizinhos e de familiares. Outra coisa que acontece com os idosos é que eles, frequentemente, se confundem na medicação e erram a dose, tomam um pelo outro, dobram ou diminuem a dose, por este motivo a família deve ajudar nessa hora”, diz.

Risco do descontrole

O risco do descontrole da pressão arterial é que aumenta a chance de a pessoa ter um infarto, um derrame ou piorar a função dos rins, explica Melhem, além de apresentar sintomas indesejáveis. “Além disso, esses remédios podem ter efeitos em outros órgãos e causar uma verdadeira confusão nos sintomas da pessoa”, fala.

O ideal, segundo o cardiologista, é que médico e paciente cultivem uma relação de sinceridade e honestidade um para o outro e que, quando tenha de se usar um remédio que aumenta a pressão arterial, que isso seja corrigido com a medicação da pressão. “Porém, muitas vezes o médico vai pedir que a pessoa não use aquele remédio porque vai ser mais prejudicial do que benéfico, pesando risco-benefício e também buscando alternativas.”

Alimentos e comportamentos

Muitos alimentos podem atrapalhar o controle da pressão arterial, especialmente aqueles ricos em sódio, carnes salgadas, conservas, enlatados, embutidos e refrigerantes que contém alto teor de sódio.

“Certos comportamentos também podem alterar a pressão, como o mal gerenciamento do estresse, distúrbios do sono — dificuldade para dormir ou doenças obstrutivas do sono — vida sedentária, uso excessivo de álcool e ganho de peso", diz ele, que cita um ganho da perda de peso em hipertensos. "Quando o hipertenso ganha peso ele geralmente precisa aumentar a dose do remédio, quando ele perde uma boa quantidade de peso pode até reduzir a quantidade de medicação”, finaliza.

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