Setenta e cinco porcento das crianças brasileiras de 3 a 6 anos apresentam algum tipo de má oclusão.
Setenta e cinco porcento das crianças brasileiras de 3 a 6 anos apresentam algum tipo de má oclusão.| Foto: Bigstock

Respiração, sono, mastigação e até ansiedade. Você sabia que todos esses fatores podem ser influenciados pelo alinhamento anormal dos dentes de uma criança? A má oclusão, termo utilizado para designar o desalinhamento dos dentes, pode impactar a alfabetização, a socialização, o comportamento e ser, inclusive, um dos fatores que ocasionam o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH).  

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E não são raros os casos. Pelo contrário, de acordo com a odontopediatra Stella Faria Dumke, 75% das crianças brasileiras de 3 a 6 anos apresentam algum tipo de má oclusão. A boa notícia é que alguns tipos de desalinhamento podem ser diagnosticados ainda na gestação e tratados ao longo do surgimento ainda dos dentes de leite da criança.  

“A partir de 2 anos já pode-se diagnosticar, planejar e tratar as oclusopatias, melhorando o equilíbrio, simetria e as funções da criança”, afirma Stella, explicando ainda que, até os 3 anos, a criança deve ter 20 dentes na boca. Sendo assim, a manutenção da saúde bucal nessa idade é fundamental, já que 80% do desenvolvimento craniofacial da criança acontece até os 7 anos de idade.

A importância do pré-natal odontológico 

Segundo a especialista, que foi uma das palestrantes da Feira Cute Cute, que aconteceu em Curitiba no início de junho, a consulta odontológica de pré-natal pode ser muito benéfica para o acompanhamento do desenvolvimento craniofacial da criança, principalmente porque “é o momento em que as mães estão mais receptivas a receberem informações sobre seus bebês”, afirma.  

Além disso, ela explica que por meio dos exames 3D é possível identificar como está o desenvolvimento do crânio, a posição do bebê e até mesmo se o bebê já chupa o dedo.

Depois do nascimento 

Quando o bebê nasce, a função do odontopediatra é observar uma série de fatores durante os primeiros meses de vida desse bebê, como: qual foi a via de parto, como está sendo a amamentação, como estão os aspectos nutricionais, os hábitos de respiração nasal, ordenha, deglutição, refluxo e musculatura.

Além disso, “avalia-se também os roletes gengivais, olhos, orelhas, pescoço (torcicolo) e formato do crânio (plagiocefalia)”, explica a odontopediatra. “A partir dos 6 meses, quando erupcionam os primeiros dentinhos, já é possível diagnosticar mordida cruzada”.

Introdução alimentar 

Juntamente com os primeiros dentinhos, também vem a fase da introdução alimentar que, segundo a especialista, pode influenciar diretamente no desenvolvimento craniofacial. “A introdução de alimentos duros, secos e fibrosos, por exemplo, é muito importante”, explica. Isso porque o exercício da mastigação envolve todas as estruturas faciais e favorece um desenvolvimento mais equilibrado da face. 

“Nessa fase, verifica-se se a criança possui hábitos deletérios como chupar chupeta, dedo ou mamadeira”, esclarece. Além disso, é também neste momento que a respiração é avaliada.

Para que esperar?  

Por fim, para a Dra. Stella, “os dentes são apenas a pontinha do Iceberg” e, por isso, é tão importante os pais estarem atentos a todos esses fatores e sinais. “As más oclusões não se resolvem sozinhas. E as crianças pequenas merecem ter qualidade de vida”.

“A odontologia evoluiu. Hoje ela é preventiva e não curativa. Por que levar o seu filho ao dentista somente quando ele tiver dor? Por que não condicioná-lo desde muito cedo ao ambiente odontológico? Assim, ele vai crescer com saúde e sem traumas”, afirma a especialista.

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