Picadas de formigas, vespas e abelhas merecem mais atenção por serem maiores causadoras de alergias severas.
Picadas de formigas, vespas e abelhas merecem mais atenção por serem maiores causadoras de alergias severas.| Foto: Bigstock

Verão é momento de colocar roupas curtas e de entrar em contato com a natureza, condição ideal para picadas de insetos em crianças e adultos. Pernilongos e borrachudos importunam bastante, mas outros bichos devem preocupar mais, pelas reações severas que podem causar.

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Formigas, vespas e abelhas merecem muita atenção, pela gravidade dos sintomas que podem desencadear a partir de suas picadas. Elas sim podem ser responsáveis por reações alérgicas como a anafilaxia, que pode resultar em paradas cardiorrespiratórias (choque anafilático).   

Esse desfecho, o mais grave, não é usual, já que essa condição é gatilho também de outros diversos sintomas como urticas (elevações salientes, bem demarcadas e que coçam bastante), que podem vir junto de inchaços que chegam a deformar a aparência das pálpebras, lábios e orelhas. Falta de ar, tosse e chiado no peito também podem aparecer, assim como diarreia, náuseas, vômitos e cólicas abdominais, além de queda de pressão, tonturas e a temida parada cardiorrespiratória.

Sem previsão

A anafilaxia é uma reação imprevisível e não há sinal que mostre que a pessoa tem essa predisposição a evoluir para algo mais grave.

“Comumente, quando a pessoa desenvolve esse tipo de reação, ela já foi picada anteriormente, mas sem ocorrer anafilaxia. Porém, não há nem testes cutâneos, nem exames laboratoriais que possam mostrar essa predisposição”, diz a médica especialista Alexandra Watanabe, da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia e responsável pelo ambulatório de Anafilaxia do HC-FMUSP.

Por este motivo, a preocupação maior de qualquer pessoa deve ser nos sinais de reações anafiláticas, já que não há uma idade em que elas são mais comuns de ocorrerem, atingindo de crianças a adultos. “Quanto maior a exposição a picadas maior a chance de reação. Principalmente pela alta exposição a formigas, esses insetos podem ser mais responsáveis por essas reações entre as crianças”, diz Alexandra.

Desfecho mais grave

É possível desconfiar que se está encaminhando para um desfecho mais grave quando após a picada tem início a reação sistêmica que acomete vários órgãos. “Tosse, falta de ar e chiado no peito (sintomas respiratórios), e sintomas cardiovasculares como tontura, sonolência e queda de pressão, que leva a desmaio, são alguns deles”, diz a médica, alertando para que, nesses casos, a pessoa seja levada a atendimento médico urgentemente, principalmente pela necessidade incontornável da aplicação de adrenalina, única forma de combater com eficácia a reação.

Para quem já teve um episódio de anafilaxia é recomendado passar por médicos especialistas para serem orientados a andar com "canetas" de adrenalina ao irem em um lugar de atendimento ou acesso difícil. “Essas ‘canetas’ para autoaplicação não são comercializadas no Brasil, somente se consegue via importadoras e ONGs dedicadas. Tomar antialérgicos e corticoides não influencia no tratamento quando a reação é muito grave. Apenas a adrenalina é que vai fazer a diferença”, diz ela.

Mais inofensivas

Mosquitos, borrachudos, pulgas, percevejos e carrapatos são responsáveis pelas picadas com consequências menos graves, desencadeando apenas a chamada urticária papular, bolinhas vermelhas ou de água que coçam. Se elas aparecerem nos braços e pernas, provavelmente os culpados são os voadores; se aparecerem no tronco, em áreas não expostas, pulgas ou percevejos.

Segundo dados do Departamento Científico de Dermatologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, as lesões podem surgir na hora ou alguns dias depois, e a reação pode durar algumas semanas. Se não tratadas, causam mancham escurecidas que ficam por meses.

Essas lesões são uma reação alérgica a antígenos presentes na saliva desses pequenos animais e comumente aparecem somente depois dos 6 meses de idade, após sensibilização alérgica que só ocorre depois de várias picadas. A alergia costuma ter início entre os 12 e os 24 meses de vida e a tendência é melhorar por volta dos 10 anos de idade.

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