Este procedimento foi associado a um risco aumentado em 25% na mortalidade até cinco anos de idade em relação ao parto vaginal.
Este procedimento foi associado a um risco aumentado em 25% na mortalidade até cinco anos de idade em relação ao parto vaginal.| Foto: Bigstock

Partos cesáreos, quando sem indicação médica clara, podem estar associados a maior risco de mortalidade na infância. Essa é a conclusão de um estudo conduzido pelo Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde da Fiocruz Bahia, que avaliou dados coletados e cedidos pelo Ministério da Saúde sobre mais de 17 milhões de nascimentos ocorridos no Brasil entre 2012 e 2018. As informações são da Agência Fiocruz.

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Os pesquisadores do Brasil e do Reino Unido observaram que, no grupo com baixa indicação de cesariana, este procedimento foi associado a um risco aumentado em 25% na mortalidade na infância – até cinco anos de idade – na comparação com as crianças que nasceram de parto vaginal.

Por outro lado, nos nascimentos de crianças com indicação médica este procedimento foi associado com redução dos óbitos, evidenciando a importância da cesárea quando devidamente indicada por um médico. Estas descobertas foram publicadas na revista científica internacional PLOS Medicine (EUA).

O estudo foi conduzido pelo em parceria com a London School of Hygiene & Tropical Medicine (LSHTM), sob a liderança da epidemiologista Enny Paixão, pesquisadora associada ao Cidacs e professora assistente da LSHTM.

Taxa das mais altas do mundo

Para a epidemiologista e líder da pesquisa, Enny Paixão, este estudo aponta para necessidade de novas pesquisas que somadas podem ajudar as grávidas, seus familiares e profissionais de saúde a tomarem decisões informadas sobre o tipo de parto ideal junto a um obstetra, com base científica do grupos de Robson.

Apesar da taxa recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) ser de 15%, a especialista alerta que o Brasil é o segundo no ranking das cesarianas. “Temos uma das taxas mais altas do mundo (56%) e na rede privada de saúde essa taxa atinge a marca de quase nove entre dez partos (89%)", alerta Enny.

Cesariana conveniente

Considerando que a cesariana é um procedimento cirúrgico muito recorrido por conveniência das mães, todos os riscos para o bebê e a gestante precisam ser levados em conta pelo médico obstetra. Porém, especialistas alertam que a lógica da saúde suplementar, diferentemente da saúde pública, vem reforçando uma “cultura cesariana” e a posição do Brasil como vice-líder no ranking mundial.

Em muitos países, as taxas de parto cesáreo têm aumentado, porém as pesquisas ainda não chegaram a um consenso científico se este aumento tem sido impulsionado pela preferência materna ou por indicações médicas. E mais importante, ainda não se tem clareza sobre o impacto que esse procedimento pode ter na saúde da criança.

“É necessário que sejam realizadas novas investigações na área considerando os ambientes de baixa e média renda para confirmar os resultados. Se confirmada, as intervenções dirigidas às grávidas, profissionais de saúde e sistemas de saúde do Brasil devem ser reforçadas pelas políticas públicas de Saúde para reduzir as taxas de parto cesáreo não indicado e assim os riscos de mortalidade em bebês”, recomenda Enny.

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