“Hoje não existe mais desconfiança de sua aplicabilidade prática ou eficiência”, comemora o presidente da Associação Brasileira de Telemedicina e Telessaúde (ABTms)
“Hoje não existe mais desconfiança de sua aplicabilidade prática ou eficiência”, comemora o presidente da Associação Brasileira de Telemedicina e Telessaúde (ABTms)| Foto: Bigstock

Acostumada com consultas médicas tradicionais, a advogada Priscila Dias acreditava que o encontro presencial dentro do consultório era a única forma de receber um diagnóstico correto. “Só que essa pandemia veio para quebrar paradigmas”, afirma a paranaense que, em novembro de 2020, precisou apostar na consulta virtual com um otorrinolaringologista.

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“Eu estava com sintomas de Covid-19, então procurei um local que atendesse por telemedicina e fizemos a videochamada no mesmo dia”, conta. Segundo ela, o médico fez várias perguntas, receitou remédios para febre e dor, e lhe enviou uma guia para realização do exame PCR. “E ele pediu que eu avisasse a secretária dele sobre o resultado”, recorda a paciente, surpresa com o acompanhamento pós-consulta.

De acordo com Priscila, assim que ela informou a respeito do diagnóstico positivo de Covid-19, o médico ligou para seu número de celular, perguntou dos novos sintomas e receitou outros medicamentos. “A atenção que recebi foi até maior que a de um atendimento presencial, e minha recuperação foi efetiva”.

E não foram apenas casos de Covi-19 que receberam tratamento à distância. Segundo a Associação Brasileira de Telemedicina e Telessaúde (ABTms), todos os Conselhos Federais de profissões relacionadas à saúde apresentaram recomendações a respeito dos atendimentos remotos e abriram espaço para essa modalidade.

“Hoje não existe mais desconfiança de sua aplicabilidade prática ou eficiência”, comemora o presidente da ABTms, Luiz Ary Messina, que viu diversos consultórios atenderem pacientes crônicos de forma virtual para evitar a contaminação em hospitais.

Além disso, instituições privadas e planos de saúde que não usavam a telemedicina aderiram à modalidade, enquanto estados que já tinham essa prática desde 2005, como Minas Gerais e Santa Catarina, investiram ainda mais nela. “O avanço foi significativo e eles atingiram todos os seus municípios com especialidades de telecardiologia, teledermatologia, telediagnóstico por imagem e outras”.

Benefícios

O resultado, de acordo com o geriatra Marco Tulio Aguiar – vice-presidente da Sociedade Brasileira de Medicina da Família e Comunidade (SBMFC) –, é que as consultas à distância passaram a fazer parte da rotina dos profissionais de saúde e beneficiaram pacientes.

“Tanto os que tinham dificuldade ou medo de sair de casa, quanto aqueles que precisavam de acompanhamento a cada 24 ou 48 horas”, garante o especialista, ao explicar ainda que o atendimento alcançou pessoas de cidades distantes que teriam muita dificuldade para conseguir o acesso presencial. 

No entanto, ele pontua que a telemedicina não substitui a consulta tradicional e que seu uso deve ser moderado. “Virtualmente é possível fazer uma boa entrevista e enviar fotos e vídeos, mas não dá nem para realizar o exame físico, nem para fazer a ausculta cardíaca e respiratória, por exemplo”, explica.

Por isso, se o profissional de saúde perceber a necessidade de um atendimento em consultório ou solicitar a realização de exames complementares, o paciente deve atender ao pedido. “E o ideal é fazer intervalos, com algumas consultas online e outras presenciais”, orienta o especialista, ao afirmar que isso garantirá um diagnóstico mais preciso e, com isso, mais segurança ao paciente.

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