As mortes de pacientes de Covid-19 internados em UTIs na Ásia, Europa e EUA caíram de quase 60% em março para 42% em maio
As mortes de pacientes de Covid-19 internados em UTIs na Ásia, Europa e EUA caíram de quase 60% em março para 42% em maio| Foto: BigStock

As mortes de pacientes de Covid-19 internados em unidades de tratamento intensivo (UTIs) caíram de 59,5% no final de março para 41,6% no final de maio em países do hemisfério norte, uma queda relativa de quase um terço, diz um novo estudo.

Para chegar a essa conclusão, pesquisadores da NHS Foundation Trust e da Universidade de Bristol (Reino Unido) revisaram 24 estudos observacionais que envolveram 10.150 pacientes adultos da Ásia, Europa e América do Norte. Embora a mortalidade média de infectados pelo novo coronavírus em tratamento intensivo tenha caído, ela permanece alta, alertam os autores. Com uma taxa de 40%, o número é quase o dobro da mortalidade registrada em UTIs para outras pneumonias virais, que é de cerca de 22%.

Não houve variação significativa dessa taxa de mortalidade entre os três continentes, apesar de diferenças de critérios de entrada nas UTIs e de tratamentos usados. Os resultados da análise foram publicados na semana passada no periódico científico Anaesthesia.

Os relatos analisados são de pacientes da China (oito estudos), Estados Unidos (seis estudos), França (dois estudos), Canadá, Dinamarca, Países Baixos, Hong Kong, Itália, Singapura, Espanha e Reino Unido (um estudo cada).

Por que a mortalidade caiu

Há algumas explicações para a queda na mortalidade desses pacientes no decorrer da pandemia. Os médicos agora têm uma compreensão melhor de como tratar a Covid-19 e as complicações causadas pela doença; enquanto no início do ano, várias opções de tratamento estavam começando a ser testadas. Além disso, os hospitais não estavam tão preparados para atender o aumento inesperado de pacientes quando o vírus começou a se propagar.

“[A queda de mortalidade] pode ser reflexo do rápido aprendizado que ocorreu em escala global devido à pronta publicação de relatos clínicos no início da pandemia. Também pode ser que os critérios para internação em UTIs tenham mudado com o tempo, por exemplo, com maior pressão nas UTIs no início da pandemia”, dizem os autores.

Mas os pesquisadores também ressaltaram que longos períodos de internação poderiam demorar para serem refletidos nos dados. Segundo eles, isso é especialmente relevante para a Covid-19, que tem um número relativamente alto de internações longas em UTIs. No Reino Unido, por exemplo, cerca de 20% das internações em unidades de tratamento intensivo duraram mais de 28 dias e 9% duraram mais de 42 dias.

Para os autores, a principal mensagem desses resultados é que, enquanto a pandemia progrediu, a sobrevivência de pacientes internados em UTIs com Covid-19 teve uma melhora significativa. "De forma otimista, países em fases mais avançadas da pandemia podem estar lidando melhor com a Covid-19", concluem.

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