Estudo em Nova York mostrou que contágio é baixo; prejuízo de se distanciar é ainda maior
Melhor seguir a amamentação do que parar caso seja diagnosticada com Covid-19 antes e após o parto.| Foto: Bigstock

Mesmo diagnosticadas com Covid-19, mães não devem deixar de amamentar o recém-nascido. Primeiramente, porque o contágio é raro logo após o pós-parto e, em segundo lugar, porque sem o leite materno a criança pode ter prejuízos ainda maiores do que se fosse infectado pelo novo vírus.

O estudo, recentemente publicado no Jama Pediatrics, abrangeu 101 neonatos que dividiram alojamento e foram amamentados por mães diagnosticadas com SARS-CoV-2, em Nova York, nos Estados Unidos. Apenas dois deles tiveram resultados de teste positivos para a doença após o período pós-parto, sendo que nenhum desenvolveu sintomatologia da doença.

Além da baixa taxa de contágio, em setembro a Organização Mundial da Saúde já havia indicado que os riscos de não amamentar nos primeiros dias eram piores do que a própria infecção pelo vírus. “Há risco de transmissão pelo leite materno, mas é mínimo ao ponto de não valer a pena desmamar e correr o risco de não se passar os anticorpos importantes ao bebê nessa hora,  principalmente os IgA, que poderiam dar conta do recado no caso de uma infecção pelo vírus”, diz Armando Salvatierra, presidente do Departamento de Aleitamento Materno e Puericultura da Sociedade Paranaense de Pediatria.

Distanciar o bebê do leite materno pode, sim, gerar desnutrição e suas comorbidades caso não se use fórmulas. Porém, mesmo usando-as, apesar de algumas delas terem praticamente todos os nutrientes que o leite materno possui, é justamente o substrato imunológico que deixa de ser transmitido. “Certamente os anticorpos não são transmitidos, por serem organismos vivos que não fazem parte do conteúdo do leite artificial”, diz ele.

Prevenção continua

Salvatierra diz que o amadurecimento do sistema imunológico das crianças leva um tempo e a mãe transfere os anticorpos emprestados dela via placenta e via leite materno para a criança e que, aos poucos, vão se dissipando ao longo do tempo. “Enquanto isso, a criança precisa adquirir seus próprios anticorpos, e ela o faz ou pegando uma doença, ou sendo imunizada, o que dá o tempo de a criança produzir seus próprios anticorpos, isso no 6.º, 7.º mês de vida. Mas o amadurecimento imunológico total vai ocorrer só aos 3, 4 anos de idade”, diz ele.

Cuidados

Segundo a Organização Mundial da Saúde, mães com confirmação ou suspeita de Covid-19 devem tomar esses cuidados no pós-parto:

  • Lavar as mãos frequentemente com água e sabão ou higienizá-las com álcool em gel, principalmente antes de tocar no bebê;
  • Se possível, usar máscara médica (cirúrgica) durante qualquer contato com o bebê, inclusive durante a amamentação. Se a mãe não tiver acesso a uma máscara médica, deve amamentar da mesma forma;
  • Espirrar ou tossir em um lenço de papel e descartá-lo imediatamente após o uso, além de lavar as mãos novamente;
  • Limpar e desinfetar rotineiramente as superfícies em que se toca com frequência.
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