Homem recebe prótese de tornozelo impressa em 3D e volta a caminhar
| Foto: Bigstock

Médicos ortopedistas e engenheiros italianos implantaram uma prótese de tornozelo criada totalmente a partir de uma impressora 3D. O feito é inédito no mundo e, embora tenha sido realizado em outubro de 2019, apenas no início desse ano a cirurgia foi divulgada pelo Instituto Ortopédico Rizzoli, na Bolonha, Itália.

O paciente que recebeu a prótese é um homem de 57 anos que perdeu as funções do tornozelo depois de um acidente de moto, ocorrido em 2007. Até então, o paciente não conseguia andar devido a uma alteração anatômica grave no tornozelo e, depois do procedimento, voltou a caminhar.

De acordo com informações divulgadas pelo Instituto no site, lesões como a do paciente não são tão incomuns em acidentes de motos ou mesmo em quedas. Pessoas jovens são, em geral, o público mais frequente com esse tipo de fratura e, embora os pés sejam salvos, a funcionalidade por vezes acaba comprometida.

"A falta de movimento e dor determina uma claudicação [desconforto] severa e a necessidade de sapatos ortopédicos ou órteses, que limitam severamente a vida e a capacidade de trabalho", aponta o Instituto no comunicado oficial sobre o feito.

Prótese em 3D de um dos componentes articulares desenvolvidos para o paciente Foto: Reprodução site do Instituto de Otorpedia Rizzoli.
Prótese em 3D de um dos componentes articulares desenvolvidos para o paciente Foto: Reprodução site do Instituto de Otorpedia Rizzoli.

Novas tecnologias

Até hoje, o uso de próteses articulares em pacientes na mesma situação tinha um fator complicador. As próteses-padrão, em geral, são projetadas para articulações cuja anatomia estão normais, apesar de alguns danos nas cartilagens.

Acidentes, como os de moto, causam danos mais graves. O formato da articulação muda e a solução mais comum é a fusão das duas cabeças articulares, que gera a perda dos movimentos e a sobrecarga nas demais articulações do pé.

O diferencial da técnica desenvolvida e colocada em prática pela equipe do médico e professor Cesare Faldini, diretor da Clínica Ortopédica I do Instituto, foi a personalização da prótese, a partir da anatomia do paciente.

Para tanto, o procedimento foi dividido em duas etapas: primeiramente, o homem passou por uma tomografia computadorizada do tornozelo e do pé. Então, foi realizada uma reconstrução em 3D, que permitiu ter um modelo tridimensional desse membro do paciente. O software e os procedimentos foram desenvolvidos no Laboratório de Análise do Movimento Rizzoli, equipe do engenheiro Alberto Leardini.

Então, a cirurgia foi simulada no computador, e a preocupação dos pesquisadores e médicos era descobrir os formatos e tamanhos de cada componente protético que seria necessário para a anatomia daquele paciente. Isso foi feito até que se encontrasse uma combinação ideal de dois ossos que compõem o tornozelo: astrágalo (ou tálus) e tíbia.

Na sequência, um modelo ósseo e protético correspondente na impressão 3D em plástico foi produzido para os testes manuais finais. E, depois, foi implantado. Depois de 13 anos sem caminhar, o paciente, após um intenso trabalho de fisioterapia, voltou a andar.

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