Fake news compartilhada pelas redes sociais diz que uso das máscaras causaria redução da oxigenação, o que não é verdade
Fake news compartilhada pelas redes sociais diz que uso das máscaras causaria redução da oxigenação, o que não é verdade| Foto: Bigstock

Usar as máscaras caseiras quando se está fora da residência pode ser desconfortável. O item aperta o nariz, escapa da orelha e pode embaçar os óculos. Ainda assim, não gera hipóxia, ou uma redução da oxigenação dos tecidos, como sugere um boato que vem circulando pelos aplicativos de mensagem.

Atribuído a um médico chamado de Eduardo E. Herrera, a mensagem alerta que "respirar repetidamente o ar expirado se transforma em dióxido de carbono, e é por isso que nos sentimos tontos". Na verdade, conforme foi desmentido pelo site Boatos.org (espaço voltado à checagem de histórias que circulam principalmente nas redes sociais), não há qualquer alerta de autoridades de saúde sobre o uso do equipamento de proteção e um possível prejuízo à oxigenação.

Tanto isso é verdade que, mesmo médicos e profissionais da saúde que fazem uso de máscaras mais protetoras, como as N95, não relatam danos como esse, e nem sentem uma "perda de reflexos e pensamento consciente", conforme sugere o boato.

Não levante a máscara

O boato ainda recomenda que a pessoa levante a máscara a cada 10 minutos, com o objetivo de "continuar se sentindo saudável", e esse é um dos principais erros no uso, conforme médicos especialistas ouvidos pelo Sempre Família.

Retirar a máscara deixa algumas das principais vias de entrada do novo coronavírus, que são a boca e nariz, vulneráveis. E, como a máscara serve principalmente para evitar que a pessoa assintomática dissemine o vírus, retirar o item vai facilitar essa transmissão.

Sem falar que, ao encostar no tecido, a pessoa pode contaminar a mão sem nem perceber e, sem fazer uma limpeza adequada posteriormente, há o risco de desenvolver a doença ou repassá-la a outras pessoas por contato.

Preste atenção aos detalhes

Nem sempre é fácil perceber rapidamente que uma mensagem compartilhada em grupos de WhatsApp, por exemplo, é uma fake news ou mesmo um boato. Mas alguns detalhes podem denunciar.

Antes de tudo, procure nas plataformas de busca se essa mensagem já não foi desmentida por algum site de checagem de fatos (como o Boatos.org ou o Aosfatos.org), ou mesmo um site de jornalismo sério, como a própria Gazeta do Povo. Em geral, pesquisar as palavras-chave do boato, como "máscara" e "hipóxia", como no caso descrito, é suficiente.

O site do Ministério da Saúde também possui uma página voltada ao combate das fake news. Lá, há uma lista de todas as mensagens que a pasta recebe por meio do WhatsApp. Toda a população pode enviar as dúvidas e mensagens recebidas em grupos e descobrir se é uma fake news ou não enviando a questão para o número (61)99289-4640.

Confira quais perguntas deve se fazer caso receba uma mensagem que parece uma fake news:

  • É uma notícia vaga, sem muitas informações ou alarmista? Desconfie.
  • A fonte citada na mensagem é conhecida, confiável? (Mesmo que a pessoa que tenha lhe enviado a mensagem seja conhecida e confiável, o conteúdo pode não ser. Confirme com essa pessoa de quem ela recebeu e se ela confirma a informação recebida).
  • Há sites conhecidos e confiáveis que confirmam aquela informação? Caso não, fique atento.
  • Possui erros de português? Fake news, em geral, possuem erros de português.
  • O texto possui muitos adjetivos, letras maiúsculas e soa catastrófico? A mensagem do boato tem por objetivo alarmar, compartilhar uma informação falsa. Fique atento a esses sinais.
  • É um conteúdo novo? Nem sempre o conteúdo compartilhado é 100% mentiroso. Pode se tratar de uma publicação antiga ou tirada de contexto.

Confira abaixo a mensagem que vem circulando pelas redes sociais, especialmente aplicativos de mensagem, e caso alguém a envie a você, não compartilhe e alerte para o fato de ser uma fake news:

"O uso prolongado da máscara produz hipóxia. Respirar repetidamente o ar expirado se transforma em dióxido de carbono, e é por isso que nos sentimos tontos. Isso intoxica o usuário e muito mais quando ele deve se mover, realizar ações de deslocamento.
Causa desconforto, perda de reflexos e pensamento consciente.
Isso gera grande fadiga. Além disso, a deficiência de oxigênio causa quebra de glicose e aumento do ácido lático ameaçado. Algumas pessoas dirigem o carro com a máscara, o que é muito perigoso, porque o ar viciado pode fazer o motorista perder a consciência.
É recomendável usá-lo apenas se você tiver alguém na frente ou muito próximo, e é importante lembrar de levantá-lo a cada 10 minutos para continuar se sentindo saudável. É contraproducente para as pessoas que servem o público por 8 horas, pois estão se intoxicando sem saber. Todas as vidas são importantes.! Essa prevenção não leva a outro problema … vamos usar a máscara conscientemente. Dr. Eduardo E Herrera"

Deixe sua opinião