Novo estudo, divulgado pela revista científica Lancet, avaliou os registros médicos de 96 mil pacientes espalhados pelos seis continentes| Foto: VisualHunt
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Novo estudo envolvendo o uso das hidroxicloroquina e cloroquina em pacientes com o diagnóstico da Covid-19 mostra que a medicação se associa a um maior risco de mortalidade, e de arritmias cardíacas, em comparação às pessoas que não receberam as substâncias. A pesquisa, divulgada pela revista científica Lancet na manhã desta sexta-feira (22), avaliou os registros médicos de 96 mil pacientes internados em 671 hospitais, distribuídos pelos seis continentes.

Enquanto a taxa de mortalidade no grupo controle (de pacientes que não fizeram uso da medicação) foi identificada em 9.3%, o índice entre pessoas que fizeram uso da hidroxicloroquina sozinha foi de 18%. Entre os pacientes que receberam a hidroxicloroquina com um antibiótico (azitromicina ou claritromicina), a taxa chegou a 23.8%.

Foram também avaliados pacientes que receberam apenas a cloroquina, e a cloroquina associada com um antibiótico. Respectivamente, as taxas de mortalidade foram de 16.4% e 22.2%.

Para chegar a essas conclusões, os 96 mil pacientes foram divididos em cinco grupos:

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  • 1,8 mil receberam a cloroquina;
  • 3,7 mil receberam a cloroquina em combinação a um antibiótico;
  • 3 mil receberam a hidroxicloroquina;
  • 6,2 mil receberam a hidroxicloroquina em combinação a um antibiótico;
  • 81 mil pertenceram ao grupo controle, pois não receberam nenhuma das medicações acima.
  • 11.1% de todos os participantes morreram nos hospitais.
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Pela quantidade de participantes, trata-se do maior estudo, até o momento, sobre os riscos e benefícios da hidroxicloroquina e da cloroquina em casos da Covid-19. Os resultados se baseiam em uma análise retrospectiva dos registros médicos de pacientes com o diagnóstico positivo para o Sars-Cov-2, atendidos no período de 20 de dezembro de 2019 a 14 de abril de 2020.

Embora não seja um estudo clínico randomizado e duplo-cego (considerado padrão-ouro entre a comunidade científica), o tamanho da amostra chama atenção dos especialistas. E, para os pesquisadores que divulgaram os resultados, a conclusão é clara:

"Não foi possível confirmar um benefício da hidroxicloroquina ou cloroquina, quando usadas sozinhas ou com um macrólido [grupo de antibióticos], nos resultados hospitalares da COVID-19. Cada um desses esquemas medicamentosos foi associado à diminuição da sobrevida hospitalar e a um aumento da frequência de arritmias ventriculares quando usado no tratamento da COVID-19".

Pacientes também tiveram maior risco para arritmias

Outro dado destacado pelos pesquisadores no estudo foi o maior registro de ritmos cardíacos irregulares, ou arritmias, entre os pacientes que fizeram uso das substâncias. Tal sintoma pode levar a uma morte cardíaca súbita.

Em comparação aos pacientes no grupo controle, que tiveram um risco associado à arritmias ventriculares durante a hospitalização de 0.3%, os pacientes que fizeram uso da hidroxicloroquina sozinha tiveram um risco de 6.1%. Já os que fizeram uso da hidroxicloroquina associada a um antibiótico, o risco foi de 8.1%.

Para os pacientes que fizeram uso da cloroquina sozinha, o risco de arritmias ficou em 4.3%. No grupo que recebeu a cloroquina em combinação a um antibiótico, 6.5%.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]