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Elas enfrentaram o câncer em fases bem diferentes da vida. Enquanto uma não tinha filhos, a outra tinha um adolescente. Mas ambas encontraram forças para lutar contra a doença e venceram. Karina Veiga e Selma Zanetti não se deixaram abater e tiraram muitas lições de tudo. Confira os emocionantes depoimentos dessas duas mulheres que não perderam a fé e hoje podem comemorar a vitória sobre o câncer.

Uma nova dimensão

Arquivo pessoal. Arquivo pessoal.

“Muita gente pode não acreditar, mas eu nunca fui tão feliz e vivi tão bem a vida como quando estava em tratamento, lutando por ela. Descobri o câncer de mama em 2008, aos 33 anos, com pouco mais de um ano de casada e recém-chegada a São Paulo, cheia de expectativa e com um emprego novo.

O diagnóstico foi dado no dia do meu aniversário e confirmado já na visita ao oncologista, no dia 29 de fevereiro. Como podia um dia que só existe a cada quatro anos reservar para mim, naquele ano, uma notícia tão devastadora? A negação foi imediata… Não! Esse dia não existe! Essa doença também não! E a reviravolta também… Ok!

Então, vamos lá, doutor, o que eu tenho que fazer? Porque essa eu já venci! É uma força tão grande que vem não sei de onde, uma vontade louca de viver e uma coragem incrível para lutar… Só pode ser de Deus! Era um câncer agressivo, em estágio avançado e a primeira etapa seria a quimioterapia.

Os cabelos caíram, ainda bem! Sinal de que o remédio estava fazendo efeito. Depois veio a mastectomia total e, para finalizar, as sessões de radioterapia. Tudo rápido, intenso e sem drama nem fogos de artifício. Fazia de tudo para levar uma vida normal, continuar trabalhando, me divertindo, encontrando os amigos… Mas era impossível, a vida havia melhorado, e muito!

Quando se passa por algo assim, a vida ganha outra dimensão. Fui tomada por uma serenidade que me fez ver quão fácil é viver e que só a felicidade e o amor importam. A vida fica leve, os problemas não existem mais… Se é que um dia existiram de verdade… E tudo é festa, é vida! Sem contar que enfrentar uma doença como o câncer nos torna mais humano, mais falível, mais tolerante, um ser humano melhor mesmo.

Veja que sorte! Tive muita sorte! Uma equipe médica fantástica, remédios que fizeram o efeito esperado, família e amigos incríveis, aos quais eu dedicaria um outro depoimento inteiro. Encontrei um marido maravilhoso, ao meu lado o tempo todo, fiquei ainda mais unida aos meus pais e hoje sou só gratidão aos meus amigos.

Foi tanto carinho, tanto apoio, tanto companheirismo, mensagens, orações, que eu devia esta vitória a eles… E ela veio! Em sete meses eu estava de alta e, em 2013, cinco anos depois, comemorei a cura definitiva. Meu presente? Conseguir engravidar depois de tudo isso e, em maio deste ano, dar à luz ao meu filhote Lucca! Então, um brinde e um viva pra vida!”

Karina Veiga é jornalista, casada com Cassio e mãe do Lucca.

 

Um gigante chamado Fé

Arquivo pessoal. Arquivo pessoal.

“Sou uma das mulheres que muito têm a agradecer pela vida! Em abril de 2011, aos 52 anos, um novo rumo em minha existência tinha que seguir. E essa mudança precisava ser rápida porque fui diagnosticada, após uma biópsia mamária, com um câncer que evolui um pouco mais rápido, e seu prognóstico não é tão promissor. Necessitava de uma intervenção imediata.

Por orientação médica, anteriormente a esse diagnóstico, os exames de mamografia precisavam ser realizados semestralmente, pois havia nódulos microcalcificados. Na correria, negligenciei os exames e deixei passar um ano. Quando voltei ao ginecologista, para minha surpresa, ao examinar a mama esquerda ele declarou que havia um nódulo, e imediatamente retruquei, ‘doutor! está calcificado’.

Sua expressão dizia outra coisa. Fiz os exames solicitados pelo médico e, numa ecografia de mama, a médica solicitou que eu voltasse ao ginecologista com urgência, porque o diagnóstico não era favorável. Fiz a biópsia, o médico constatou a malignidade e eu não queria entender, acreditar. Só despertei quando o ginecologista, disse ‘agora temos que buscar um oncologista urgente… É câncer de mama’!

Nossa, palavra difícil de assimilar, absorver e aceitar. Câncer ecoou para mim o som da morte, do fim. Um filme passou, no qual os protagonistas eram as pessoas que eu mais amava: filho, marido, mãe, irmãos, amigos. Ao sair do consultório com o diagnóstico concluído e o encaminhamento em mãos, comecei a chorar muito. E, ao ligar o rádio, ouvi uma música que falava do estado no qual me encontrava, e que havia uma esperança, chamada fé, fé em Deus!

Após esta força divinamente bem-vinda, iniciava a corrida em busca de uma conquista de cura, de vida. A luta começara! Havia duas possibilidades: vencer ou vencer! Era preciso correr na contramão do tempo. Cirurgia um sucesso, venci! Quimioterapia difícil, novamente venci! Radioterapia complicada, mais uma vez, venci! Venci a ansiedade, o pânico e a depressão.

Por outro lado, em meio a desafios diários, pude extrair ensinamentos preciosos. Hoje estou curada, optei por viver. Sabia que dentro de mim havia um “gigante” tentando me derrubar. Necessitava me defender. Meu próprio corpo, mesmo debilitado e enfraquecido, exigia essa reação. Foi quando descobri um outro “gigante” ainda maior que em mim também habitava. Sem ele era impossível vencer. Seu nome era Fé!”

Selma Zanetti é professora aposentada, casada com Junior Zanetti e mãe do Lucas.
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